Portugal 1910-1940  

Cinco milhões e quatrocentos mil portugueses habitavam o território à entrada do século. Em 1911 serão seis milhões. As áreas mais populosas situavam-se no litoral Centro e Norte. Uma percentagem alta da população portuguesa masculina e jovem emigrava, tendo por destino os Estados Unidos e o Brasil, principalmente. Segundo as estatísticas da emigração legal, em 1901 saíram 20 646 e, em 1911, 59 661, um pico que repercute, no ano seguinte ao da revolução republicana, uma tendência anterior. [...]

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Primeira República  
O sistema político republicano  

A supremacia concedida ao Legislativo é própria dos momentos de luta contra o Antigo Regime. A opção parlamentarista da República justificava-se em nome de uma recusa do "autoritarismo" da Monarquia Constitucional, contra a qual se batera o Partido Republicano desde os anos 90 do século XIX.

Ao enveredar, todavia, por uma solução bi-cameral, os constituintes republicanos aceitaram uma forma de compromisso com a tradição anterior. No decurso do debate de 1911, rejeitaram a proposta que a Comissão encarregada de apresentar uma proposta constitucional apresentou de uma Segunda Câmara formada pelos vereadores municipais e preferiram uma Câmara de Senadores eleitos. A solução consagrava o desejo de temperar a agressividade política de uma Primeira Câmara mais jovem, com um corpo representativo mais conservador. [...]
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As Repúblicas de 1911 e 1976 em perspectiva comparada  

Nenhum destes regimes resulta pois de um processo pacífico, de reforma das instituições, realizado no quadro das normas políticas vigentes. O 5 de Outubro de 1910 e o 25 de Abril de 1974 são rupturas.

Comparar Repúblicas
José Relvas  
José Relvas nasceu na Golegã em 1858 e faleceu em Alpiarça em 1929. Abastado e culto proprietário, era, nas vésperas do 5 de Outubro de 1910, um dos mais destacados líderes do Partido Republicano (PRP). Desempenhou elevados cargos na República: deputado constituinte e senador, Ministro, embaixador em Madrid, chefe de Governo. [...] José Relvas: nota biográfica (doc)
História urbana  
Caldas da Rainha  
Em 1927, as Caldas da Rainha viram reconhecido o estatuto formal de cidade. Com cerca de sete mil habitantes, era então o mais populoso centro urbano do distrito de Leiria. As elites locais, que conduziram o processo de reconhecimento político da cidade, estavam conscientes de que se lhes impunha não apenas a modernização das infra-estruturas e equipamentos urbanos, como um plano de "regularização e extensão" (regularizar o casco antigo, disciplinar a expansão futura). Em 1926, a Cãmara encomenda o trabalho de levantamento e cartografia de uma planta da urbe e, no ano seguinte, convida o jovem arquitecto Paulino Montês a elaborar um "Estudo de Urbanização" para a nova cidade. Percurso de cidade com Termas
Poderes locais em perspectiva histórica  

A 25 de Outubro de 1910, António José de Almeida, Ministro do Interior do Governo saído da Revolução, empossou uma comissão encarregada de elaborar um diploma de reforma da administração local, cuja presidência coube a José Jacinto Nunes. O projecto desta comissão regressava à divisão herdada da Monarquia: distritos, concelhos e paróquias civis (ou freguesias). Transformado em proposta de lei por António José de Almeida, foi apresentada à Assembleia Constituinte em Agosto de 1911, e objecto de parecer por parte da Comissão de Administração Pública da Câmara dos Deputados em Fevereiro de 1912. Na discussão em plenário, no decurso do mês de Março, um deputado apenas repôs a preferência pela província, argumentando tratar-se da divisão que melhor defenderia "os nossos costumes e tradições". Respondeu-lhe Jacinto Nunes, recordando que se tinha levantado no País uma "oposição contra essa divisão administrativa", mal tinham sido conhecidas as intenções da comissão nomeada por António José de Almeida relativamente ao tema. "Protestaram Viana do Castelo, Castelo Branco, Guarda e Aveiro e outras sedes de distrito, isto é, os interesses que tinham subsistido à sombra da divisão distrital" - referiu o deputado -, com isso justificando que o Ministro do Interior tivesse decidido deixar caír a província mantendo a divisão distrital. [...]

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Contemporaneidade  
Décadas de mudança  
Uma sucessão de ciclos de mudança marcou Portugal nas últimas quatro décadas. As alterações ocorreram a um ritmo mais rápido do que no passado e sobretudo lograram um alcance mais profundo. As transformações agiram a um plano estrutural e aos diversos níveis da sociedade e do Estado. É essa provavelmente a principal conclusão de uma retrospectiva histórica sobre o Portugal recente, neste final do século XX. [...] Décadas de mudança (doc)
Desejo de progresso  

A forma como Portugal participou na intensificação do ritmo e do impacto das novidades tecnológicas e dela se apropriou culturalmente é mal conhecida, embora tenha produzido imagens impressivas, como é, a título de exemplo, o caso da difusão espantosa do telemóvel. Todos os indicadores - estatísticos ou de observação directa - mostram que o país se tornou num mercado interessante de maquinismos, que os portugueses aderiram com entusiasmo, por vezes surpreendente, a algumas inovações tecnológicas. [...]

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Recensões & Textos  
Artesanato: olaria e cerâmica Teresa Perdigão

Na última década, Teresa Perdigão tem-se dedicado aos temas apaixonantes dos costumes e tradições populares e da religiosidade. A pesquisa antropológica tem-na levado às mais recônditas aldeias do continente e das ilhas. Fez reportagens, algumas com a participação de um ilustre fotógrafo, também radicado nas Caldas, Valter Vinagre, e documentários. É autora de 6 livros: um sobre Festas e Romarias, outro sobre Máscaras e 4 do conjunto "Tesouros do Artesanato Português", de que já 3 vieram a público. [...]

 
A região de Leiria  

Da evolução histórica dos séculos XIX e XX - um processo que titulou de "identidade contemporânea" - se ocupou a Professora Alda Mourão Filipe. Trata-se efectivamente do tempo no qual se tecem as solidariedades do distrito: as trocas comerciais entre concelhos, a especialização e complementaridades produtivas, as malhas viárias regionais, as redes de influência e poder político, o empresariado da região com as suas articulações nacionais e internacionais, os dinamismos urbanos e a criação e transmissão de saberes.[...]

Alda Mourão Filipe
Judeus em Portugal durante a II Guerra  
A partir de Junho de 1940, Portugal foi procurado por milhares de judeus provenientes dos países europeus sob ocupação consumada ou iminente das tropas alemãs. A tomada de Paris e a invasão dos Paises Baixos foi o detonador desse movimento dramático que Irene Pimentel descreve em pormenor neste seu livro. Até Agosto, teriam entrado em Portugal cerca de 12 000 refugiados, número que continuou a aumentar até ao fim do ano. Entre Junho de 1940 e Maio de 1941, passaram pelo País cerca de 40 000 pessoas em fuga de Hitler e do Holocausto.[...] Irene Pimentel
Para a história do Partido Comunista  

Este é um livro [Zita Seabra, Foi Assim, 2007] não apenas sobre uma militante do aparelho comunista, sobre a revolução que o partido quis, mas também sobre o político que o moldou [Álvaro Cunhal].

Zita Seabra
Os trabalhos de Joaquim Manuel Correia Joaquim M. Correia
Texto do Prefácio ao romance Celestina, Sabugal 2008. Texto sobre um episódio do conflito Estado/Igreja passado em Outubro de 1910, em Santa Catarina, Caldas da Rainha, segundo documentos e relato inédito de Joaquim Manuel Correia Religião e Política num espaço rural (1910)