Migrei. Aliás, acrescentei | 15 de Setembro |
O que eu andei ... migrou para o blogspot. Agora dá pelo endereço http://oqueeuandei.blogspot.com O site permanece com a estrutura habitual e as actualizações regulares.
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Yesterday (na cidade imaginária ouvem-se os Beatles e identificam-se imagens) | 15 de Setembro | |
Alan Aldridge coordenou em 1969 e 1971 a edição de dois volumes sob o título The Beatles: Illustrated Lyrics. A obra é constituida pelos poemas das canções cantadas pelo grupo acompanhadas de imagens alusivas. Na página 87, "Yesterday", uma composição de Paul McCartney, é ilustrada com uma fotografia de David Bailey (fotógrafo inglês, nascido em 1938, que registou imagens dos Beatles e de outras figuras muito conhecidas, tendo inspirado a personagem do fotógrafo de moda do filme "Blow-up" de Antonioni (1966). |
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Picasso: Banhistas a 3 dimensões | 14 de Setembro | |
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Banhistas (Cannes.1956. Bonze): A saltadora; O homem de mãos juntas; O homem-fonte; A criança; A mulher de braços abertos; O rapaz | ||
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Baigneuse alonguée (1931. Bronze) | Banhistas (Projecto para um monumento. 1928) |
Na cidade imaginária recorda-se Serge Reggiani (um tempo em que a liberdade excluia o amor) | 13 de Setembro | ||
Ma liberté Ma liberté Ma liberté |
Toi qui m'as fait aimer Ma liberté Et je t'ai trahie pour [Paroles et musique: Georges Moustaki] |
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Até 15 de Setembro ainda há banhistas. A Costa Brava de Dali nos anos 20 | 13 de Setembro | |
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Banhistas de Llané, 1923 | Banhistas, 1919 | |
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Llané, 1923 | Cadaqués, 1923. Banhista, 1924 |
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Primeiras obras de Salvador Dali, nascido em Figueiras, em 1904. As paisagens marítimas que o jovem pinta, entre 1919 e 1924, são observáveis das casas de família em Llanés e Cadaqués, na Costa Brava Catalã.
Banhista nua, 1922 |
Na cidade imaginária ouve-se Cecilia Bartoli (e ama-se Silvia, apesar das suas advertências, ou talvez por causa delas) | 12 de Setembro | ||
Se tu m'ami, se sospiri |
Se tu me amas, se tu suspiras |
Página (truncada) de um diário de há 7 anos | 11 de Setembro |
Levantei-me cedo. Tinha combinado encontrar-me com o P. Reis em Vila Franca de Xira, porque ele vinha de Sintra, tomando a CREL, e não havia necessidade de vir buscar-me a Lisboa. Eu sentia uma espécie de euforia interior, que continha com dificuldade. Dormira muito pouco e acordara numa espécie de estado de urgência. Alguma coisa de novo acontecera e eu não estava preparado para a absorver [...] Apeteceu-me falar sobre isso com o P. Reis, mas recuei perante o que parecia ser uma inconfidência. |
Banhistas de Boudin (com os meus agradecimentos a Paula Gouveia) | 10 de Setembro | |
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Eugène Boudin (1824-1895) pintou, por volta de 1865, diversos quadros sobre a praia de Trouville (Alta Normandia, margem sul do canal da Mancha), então muito frequentada pela imperatriz Eugénia, mulher de Napoleão III. |
Na cidade imaginária ouve-se Chico Buarque | 9 de Setembro | ||
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Um dia surgiu, brilhante Essa dama era Geni |
Ao ouvir tal heresia |
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De tudo que é nego torto |
"Banhistas" de Paula Rego | 9 de Setembro | |
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The Pillowman, 2003 | ||
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The Little Mermaid, 2003 | A Mulher dos Bolos, 2004 | |
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Pendle Witches, 1996 | ||
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Cheia, 1996 | Procession to the Sea, 1996 |
Marie douceur, marie colère | 8 de Setembro | ||
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Marie douceur c'est ainsi que tu me surnommes Tu crois bien sûr me connaître mieux que personne Marie colère existe aussi fais bien attention Je te l'ai déjà dit cent mille fois sur tous les tons Marie douceur a beaucoup beaucoup de patience |
Marie douceur aime bien chanter des ballades Mais ne t'y fies pas trop un bon conseil prends garde Marie colère adore les éclats de voix Alors choisis entre les autres filles et moi Marie douceur c'est ainsi que tu me surnommes Tu crois bien sûr me connaître mieux que personne Marie colère est maintenant là devant toi Marie douceur n'est plus qu'un souvenir déjà |
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Para ouvir de novo |
Summer (short) stories | 8 de Setembro |
No blog dos antigos alunos do ERO e, ao lado, em Inventário ( mas aqui sem os divertidos comentários do blog) |
Luiz Pacheco na Festa do Avante | 5 de Setembro | |
Por iniciativa do Organização Regional de Setúbal do PCP, a edição da Festa do Avante deste ano a lembrar Luiz Pacheco. | ![]() |
Gauguin. Banhistas no Taiti | 4 de Setembro | |
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Paul Gauguin, In the Waves, 1889 The Cleveland Museum of Art |
Paul Gauguin 1848-1903), Femmes de Tahiti OR sur la plage, 189, Musee d'Orsay, Paris |
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Picasso "baigneur" | 3 de Setembro | ||
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Picasso com Dora Maar, Golf-Juan, 1937 (foto Penrose)
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Picasso com Dora Maar, Golf-Juan, 1937 (foto Penrose)
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Picasso e Edward Quinn, anos 50 (foto Quinn) |
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Picasso e Claude, Golf Juan, 1948 (foto Capa) | Picasso e Paloma, anos 50 (foto Quinn) | |
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Picasso, Françoise Gilot e Claude, Golf Juan, 1948 (foto Capa) | ||
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Picasso e Françoise Gilot, Golf Juan, 1948 (foto Capa) | Picasso, anos 50 (foto Quinn) | |
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Picasso, Françoise Gilot e Claude, Golf Juan, 1948 (foto Capa) | Picasso, Golf Juan, 1948 (foto Capa) |
Médico por dever | 2 de Setembro | |
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Fui à sessão de homenagem efectuada na Câmara Municipal. O salão nobre estava repleto, o que diz bem da simpatia e carinho com que o Dr. João Vieira Pereira é recordado nas Caldas. Vários oradores lembraram a sua acção, em especial o seu colega Dr. Mário Gonçalves, que falou do médico que conheceu bem, no Montepio, na Misericórdia e no Centro Hospitalar das Caldas da Rainha. As palavras que ouvi evocaram também as singulares qualidades humanas do Dr. João Vieira Pereira. Nele de facto coincidiram, não apenas as capacidades intelectuais e até artísticas (comuns a outros médicos da sua geração), a curiosidade e o espírito científico que a Medicina instiga, mas sobretudo uma vocação médica entendida no sentido de uma dedicação integral ao combate contra o sofrimento e a doença. O Dr. Vieira Pereira chegou à cidade das Caldas em 1938, exercendo actividade no Montepio. Trazia consigo já uma experiência de 4 anos como médico rural, em Alvorninha e Alfeizerão. Essa experiência moldou o seu comportamento ao longo da vida, cumprindo os valores que definiram o médico de aldeia exemplar: a disponibilidade 24 horas sobre 24 horas, a total confiabilidade, e, sobretudo, a compaixão (essa qualidade, essa atitude, tão difícil de definir, que é o resultado mais autêntico do humanismo). O médico rural não era visto, sobretudo não era desejavelmente encarado, como um profissional de saúde, ou apenas como um profissional de saúde, mas como alguém a quem se recorria em busca de conforto e de alívio. O Dr. Vieira Pereira foi um médico de aldeia na cidade grande. Continuou aliás a visitar doentes na zona rural deste concelho. Simplesmente deixou de andar num cavalo para passar a andar num 2 cavalos. |
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Dr. João Vieira Pereira. Caricatura da autoria de Vasco Trancoso
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João Vieira Pereira | 2 de Setembro | |
Difícil não gostar deste homem sábio e sereno que a cada um distinguia com uma palavra e um sorriso especial. Fez-me nascer, o que teria sido bem complexo, segundo constava em minha casa. O meu Pai tinha por ele amizade e veneração, a minha Mãe reconhecimento e estima. Faria hoje 100 anos. Foi médico, jornalista, poeta. |
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Férias | 1 de Setembro |
Só me ocorre o título da Visão de 28: descansar das férias. Preciso urgente de férias das férias. Sempre achei que o que dá mais trabalho no ano são as férias. Anotar: há resultados da pesquisa sobre "baigneuses" que não foram incluidos na cidadeimaginaria. Setembro ainda é tempo. |
Baigneuses de Matisse | 28 de Agosto | |
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Henri Matisse. Baigneuses à la tortue, 1908 (óleo sobre tela, 179 x 220 cm). Três mulheres banhistas alimentam uma pequena tartaruga, na margem de um rio. Estão totalmente moblizadas - atenção, atitude corporal - por esta actividade. |
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Matisse voltou ao tema, no período final da sua vida, numa fase marcada pela utilização da técnica do recorte de papel pintado e, em geral, pelo recurso à cor pura. Nos dois casos, estamos perante litografias realizadas sobre recortes de guache. |
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Actualizações | 24 de Agosto |
No Inventário e na Cerâmica |
Renoir. Les Grands Baigneuses | 20 de Agosto | |
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Pierre-Auguste Renoir começou a trabalhar neste quadro em 1883 e apresentou-a em público pela primeira vez em 1887. A tela tem 115x170 cm, tendo o motivo sido inspirado por um baixo relevo em chumbo "Le bain des Nymphes " da autoria de François Girardon (1672, uma das fontes do jardim de Versailles). | |
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Ne me quitte pas. Jacques Brell (1959) | 13 de Agosto | |||
Ne me quitte pas Il faut oublier Tout peut s'oublier Qui s'enfuit déjà Oublier le temps Des malentendus Et le temps perdu A savoir comment Oublier ces heures Qui tuaient parfois A coups de pourquoi Le coeur du bonheur Ne me quitte pas Ne me quitte pas Moi je t'offrirai |
Où l'amour sera loi On a vu souvent |
Des terres brûlées Ne me quitte pas |
Noite extraordinária (12 de Agosto de 1957) | 12 de Agosto |
Foi arrancado ao sono por um chamado insistente. Tinha o sono pesado, próprio de um rapazito de 8 anos, e certamente levara algum tempo até despertar por completo. Agora estava sentado na cama, um pouco inquieto, quando ouviu de novo a voz que lhe pareceu da mãe. O chamado era entrecortado, como se ela respirasse com dificuldade. Abriu a porta e entrou no corredor. Viu luz no quarto dos Pais e disse: estou aqui, Mãe. A porta estava encostada mas ele não chegou a empurrá-la porque a Mãe lhe ordenou: não entres aqui, vai depressa chamar a tua Avó. |
Cézanne. Les Grands Baigneuses | 11 de Agosto | |
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O tema do nu num ambiente tranquilo, na imediações de um superfície líquida, lago ou rio, interessou largamente Cézanne. Foi nos seus banhistas - femininos ou masculinos - que outros pintores do século XX se inspiraram para as suas composições que, pouco a pouco, permitiram se acercassem também das paisagens de mar. Les Grandes Baigneuses, 1906. Óleo sobre tela, 208,3 cm X 251,5 cm. The Philadelphia Museum. |
Dali. Muchacha en la ventana | 9 de Agosto | |
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Na fotografia, Dali e a irmã, Ana Maria, que lhe serviu de modelo em diversas ocasiões, nomeadamente em 1925. É ela a jovem que vemos, de costas, à janela de onde se avista um paisagem marítima, a qual termina numa linha de costa, com uma enseada, junto da qual há um pequeno barco à vela. Possivelmente tratar-se-á de Cadaqués, que também surge na fotografia por detrás dos dois irmãos. A rapariga apoia os cotovelos no parapeito. Numa atitude descontraída, uma perna está flectida, com o pé apoiado apenas no bico do sapato raso. |
Picasso em Juan-les-Pins | 7 de Agosto |
De Junho a Setembro de 1920, Pablo Picasso está em Juan-les-Pins, uma pequena povoação da comuna de Antibes, na Côte d'Azur. O interesse pelo cubismo começava a ceder. Os inúmeros estudos então realizados sobre os corpos dos banhistas mostram o pintor à procura de uma figura humana menos rígida, estendendo-se e movendo-se ao longo da praia em confronto com um horizonte marcado pela serenidade. |
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Juan-les-Pins; Summer/1920; Oil on plywood; [72,5] 73,5 x 92,5 cm; Musée Picasso, Paris | Juan-les-Pins; 19-August/1920; Pastel; 64 x 49 cm; The Solomon R. Guggenheim Museum, NYC | Juan-les-Pins; [Late-June]/1920; Oil on wood; 81 x 100 cm; Stephen Hahn Collection, NY |
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Juan-les-Pins; Summer/1920; Pastel on paper; 49 x 64 cm; Christie's |
Juan-les-Pins; 2-August/1920; Oil on canvas; 9,7 x 16,9 cm; Musée Picasso, Paris | Juan-les-Pins; Summer/1920; Pastel on paper [OiC]; 49 x 64 cm; Private collection, Lusanne |
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Juan-les-Pins; 19-September/1920; Gouache [tempera] on beige paper; 21 x 27,3 cm; Musée Picasso, Paris | Juan-les-Pins; 19-September/1920; Gouache [tempera] on beige paper; 21,5 x 27,3 cm; Musée Picasso, Paris | Juan-les-Pins; Summer/1920; Pastel on paper; [49,5 x 64,1] 50,2 x 65,1 cm; Helly Nahmad Gallery, London |
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Juan-les-Pins; Summer/1920; Pastel on paper [OiC]; 49 x 64 cm; Private collection, Lusanne | Juan-les-Pins; 23-June/1920; Pencil on paper; 27 x 41,7 cm; Christie's |
Juan-les-Pins; 5-September/1920; India ink on paper; 75 x 105 cm; The Picasso Estate |
Documentário sobre Luiz Pacheco nas Caldas da Rainha | 6 de Agosto | |
Um grupo alunas dos Cursos de Teatro, Som e Imagem e Animação da ESAD elaborou um documentário sobre a presença de Luiz Pacheco nas Caldas nos anos 60. O documentário regista depoimentos de contemporâneos e estudiosos da obra de Pacheco (Jaime Salazar Sampaio, Paniágua Feteiro, Luiz Barreto, Tânia Pinto, João Serra). Apresenta uma entrevista e uma performance de Ferreira da Silva. O fio condutor é constituido por uma narração na primeira pessoa baseada em cartas do próprio Luiz Pacheco. |
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António Rosado no CCC | 5 de Agosto |
António Rosado trouxe ao CCC não apenas execução magistral. Mostrou aquilo que raros conseguem: mais do que um diálogo, uma espécie de fusão com o piano. |
Procissão da Senhora da Boa Viagem | 2 de Agosto | |
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A convite do Presidente António José Correia, acompanho pela 3ª vez consecutiva a Procissão no Mar da Senhora da Boa Viagem, em Peniche. Cumpre este ano a 60ª edição. Do barco salva-vidas, assistimos ao embarque das imagens retiradas das igrejas de Peniche, primeiro nas lanchas, depois nos barcos apinhados de gente (pescadores, familiares, amigos) antes de sairmos do porto e em fila descrevermos um grande arco na baía, entre o Carvoeiro e a Consolação. Os barcos iluminados reflectem-se nas águas calmas, destacando-se na noite muito escura e fria. Depois há que repetir a operação, desembarcando as imagens e devolvendo-as ao ponto de partida. |
O texto sobre a A8 que o Região de Leiria afinal não publicou |
1 de Agosto |
O Director da Gazeta das Caldas convidou-me para escrever um texto testemunhando a minha participação no processo que viabilizou a A8, com destino a uma publicação conjunta entre a Gazeta e o Região de Leiria. Indicou-me o dia 27 de Julho como data limite para entrega do texto e não me deu qualquer limite de páginas, apesar de eu ter perguntado se exisitiam condicionamentos desse tipo. Na data fixada enviei-lhe um texto com 7141 caracteres. Para o elaborar consultei os dossiers pessoais e institucionais organizados na época (1997 e 1998), o que equivaleu a várias horas de pesquisa e redacção. No dia 29 de Julho, a meio da tarde, fui informado que o texto estava muito grande e que tinha de o reduzir. Emagreci o texto e enviei-o de novo. Pelas 19 horas do mesmo dia, recebo nova comunicação da Gazeta das Caldas informando que de Leiria exigiam que o texto não excedesse os 3000 caracteres, estando ela agora em 4142. Retorqui que o faria, mas que o texto ficaria de tal modo amputado que preferia que saisse sem assinatura. Foi-me em resposta garantido que o texto sairia na página 3, em posição de destaque e que por isso era imprescindível. 20 minutos mais tarde, enviei um texto de 2928 caracteres. Não retirei o meu nome, mas omiti a referencia em nota de pé de página ao facto de ter sido assessor e Chefe da Casa Civil do Presidente Jorge Sampaio. Mas mantive no texto a alusão ao meu papel na questão das portagens. O Região de Leiria porém decidiu eliminar o meu texto do caderno. Não deu qualquer explicação para o facto, que, enquanto o não fizer, me abstenho de interpretar. O texto integral por mim enviado é do seguinte teor: |
Armando Correia | 27 de Julho | |
Despedida de Armando Correia, um dos nomes maiores da cerâmica contemporânea caldense. Representou-a em todas frentes que a afirmam e singularizam: o processo industrial, o artesanato urbano, o design, a aprendizagem escolar e em meio profissionalizante, o sentido decorativo e a aspiração artística tanto de raiz escultórica como pictural, esta última normalmente corporizada no azulejo. A obra pública mais importante de Armando Correia é exactamente um painel azulejar que foi concebido para o salão nobre dos Paços do Concelho das Caldas da Rainha. Destaque para as elaboradas composições temáticas que dedicou por exemplo a cenas bíblicas, a Gil Vicente ou aos mitos antigos. Armando Correia deixa um trabalho muito meticuloso, de grande apuro formal onde avulta o tratamento do corpo feminino. Entre os depoimentos publicados sobre A. Correia, ver Hermínio de Oliveira no Jornal das Caldas e Maria Isabel Xavier, biógrafa do ceramista, na Gazeta das Caldas. |
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Armando Correia (à esquerda) e José Paulo Ramos Santos, na Escola Industrial, em 1954. Foto publicada por José Ventura em http://alunosbordalo.blogspot.com/search/label/Ceramistas |
Piaff: La foule | 20 de Julho | ||
Je revois la ville en fête et en délire Emportés par la foule qui nous traîne Entraînés par la foule qui s'élance |
Et la joie éclaboussée par son sourire Emportés par la foule qui nous traîne Entraînée par la foule qui s'élance |
Requiem por um monumento centenário | 10 de Julho | |
Como se diz das árvores, morreu de pé. Tinha, em triunfo, transitado do século XIX para o século XX, mas foi mal tratado que chegou ao fim do século XX. O progresso foi-lhe fatal, não o passado. Na era da tecnologia que tudo pode, não houve vontade nem saber que lhe outorgassem um destino digno. Nasceu à sombra da projecção termal. Ele e o Parque D. Carlos cresceram praticamente juntos. Por ali passaram os irmãos Bordalo Pinheiro (Rafael, Columbano, Maria Augusta e Feliciano), Ramalho Ortigão, Pinheiro Chagas, Fialho de Almeida e Gomes de Amorim. João Chagas e José Relvas foi ali que pernoitaram, tal como Joaquim de Vasconcelos, José Queiroz, Egas Moniz. Visitantes ilustres foi ali que buscaram conforto, como os jornalistas Giner de los Rios e Julio César Machado, ou os escritores Julio Dantas e Luiz Pacheco. Ministros, Chefes de Governo da Monarquia, da República, do Estado Novo ali dormiram. Presidentes ali descansaram. No seu livro de ouro estão as assinaturas de José Malhoa e António Montês. Gerações e gerações de caldenses ali buscaram a alegria e o sonho de uma passagem de ano ou de um carnaval. Ao lado dos ferros retorcidos que uma grua irresponsável empurrou para o abismo, a boa construção antiga mostra ainda as razões que lhe permitiram chegar aqui, apesar da incúria das últimas décadas e do desprezo dos últimos meses. Ironicamente, o painel que devia cumprir o luto pela morte de um monumento centenário ostenta a frase "Uma cidade viva". A representação do que se passou pode ser vista mais abaixo, a caminho da Foz, na escultura que assinala a rotunda dos silos. |
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Imagens do antigo Lisbonense aqui ao lado em Inventário |
O que é que correu mal? | 5 de Julho |
Há 50 anos onde estavam as Caldas? Partindo da constatação de que estamos a fechar o ciclo de desenvolvimento então iniciado, propõe-se uma reflexão sobre as condições da mudança. O que é correu mal, pergunto, propondo o tema ao debate público. Nas páginas da Gazeta. |
Antes e depois das invasões | 4 de Julho |
Chamada de atenção para a excelente exposição sobre a temática das invasões francesas que abriu, a 4, na Casa Museu João Soares, nas Cortes, concebida e executada pelo seu novo director, Jorge Estrela. |
A entrevista do Primeiro Ministro | 4 de Julho |
O que mais me impressionou na entrevista foi a convicção. Há ministros que parecem ter deixado de governar. Outros falam de metas longínquas, mais ou menos burocráticas. Sócrates fala de política e puxa pelo Governo. Não tem razão deste vez Vasco Pulido Valente. |
Depois do aeroporto, o TGV. Depois do TGV, as eleições | 2 de Julho |
Não há outro tema de oposição senão as obras públicas. Menezes escolheu o aeroporto. Manuela o TGV. Como se a continuidade do Governo (ou a sua maioria absoluta) dependesse destes projectos. |
Lenços brancos | 1 de Julho |
Acabou a era Scolari na selecção. O epitáfio do treinador que conseguiu não ganhar nada, que nunca teve um plano B para contrariar a Grécia ou a Alemanha, rezado ontem por Nuno Gomes, dizia: "foi um grande amigo dos jogadores". |
Projectos cidades criativas | 29 de Junho |
Aqui ao lado, na página Cidades Criativas, pode ver uma apresentação sumária dos trabalhos dos meus alunos do semestre que agora termina. |
José Relvas na Assembleia da República | 27 de Junho | |
[...] Para José Relvas, a existência tinha uma ética e uma estética. A ética cumpriu-a na acção associativa e política e no programa de mudança do regime e reforma das instituições - o conspirador. A estética cumpriu-a na reunião de um património artístico - o contemplativo. Ética e estética eram afinal inseparáveis. |
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Abertura da Exposição " José Relvas, o conspirador contemplativo" | 26 de Junho | |
A Assembleia da República inaugurou hoje, dia 26, às 18, 30 uma grande exposição sob o título José Relvas. O conspirador contemplativo. A exposição integra-se no programa comemorativo do centenário da República que a Assembleia promove. Teve como comissário o Prof. João B. Serra. |
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Nicolau Borges (historiador), Joaquim Rosa do Céu (Pres. da Câmara de Alpiarça), Jaime Gama, Vanda Nunes (Vice-Presidente e Vereadora da Cultura da Câmara de Alpiarça), João Serra, antes da inauguração da Exposição |
Andar a pé | 24 de Junho |
A alta dos preços dos combustíveis conferiu acuidade aos problemas da mobilidade e ao planeamento das deslocações no interior da cidade. A cidade que andamos a construir nos ultimos 30 anos mostra-se agora dispensiosa e penalizadora do ambiente. O deficiente planeamento das implantações dos serviços e dos sistemas de transportes e comunicações sobe agora o valor da factura do efeito de estufa e dos custos energéticos. |
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O futuro da política | 21 de Junho |
Do debate suscitado ontem, dia 20, no CCC (apresentação da colecção "Estudos Políticos" da editora Livros Horizonte, dirigida por Pedro Tavares de Almeida) entre David Justino e Luis Salgado de Matos, destacaria três temas. O primeiro é o do nacionalismo enquanto modelo de relação política entre as elites e o povo. Justino defendeu que enquanto a unificação italiana produziu um Estado que "fabricou" os italianos, em Portugal foram os portugueses quem "fabricou" o Estado. Há uma corrente historiográfica sólida que tem salientado as origens medievais da nação portuguesa. Mas cabe inquirir se a poderosa construção que o imaginário republicano fez sobre a ideia de Portugal e dos portugueses não é equivalente ao que aconteceu em Itáilia na segunda metade do século XIX. O segundo é o tema da identidade europeia, que David Justino invocou como um dado e Salgado de Matos questionou. É uma questão controversa que atravessa, por exemplo, o debate sobre a cultura europeia nos objectivos prosseguidos pelo Conselho da Europa e que se manifestou recentemente a propósito do preâmbulo da Constituição europeia. O terceiro tema é o da necessidade de preparação específica para o exercício da actividade política. Salgado de Matos argumentou em favor de uma preparação cada vez mais acurada dos políticos profissionais exigida pela globalização. David Justino salientou as virtualidades da ignorância em face da ocupação do espaço político pelos media. Voltarão em breve discutir as questões em aberto? |
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Ontem ao fim da tarde | 20 de Junho |
Dia de apresentações dos trabalhos de projecto e avaliações. Ao fim da tarde, o ultimo grupo olha para o relógio e percebe-se que calculam o tempo que falta para o jogo. Vamos trazer a Taça, diz um deles. Não digo eu, vamos perder já hoje contra a Alemanha. |
O Carvalhal: o espírito do lugar | 17 de Junho | |
Falhei o lançamento do livro de Teresa Perdigão e Agneta Ö Björkman que a Isabel Castanheira organizou com o CCC, mas adquiri-o, li-o e gostaria de o recomendar vivamente. |
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"Sou de Peniche" | 13 de Junho | |
A Convenção de Peniche está em segunda edição. E eu, nela, também pela segunda vez, numa dupla condição, profissional e cívica. Às raízes sentimentais e de sangue que me ligam à terra soma-se um pequeno património de responsabilidade directa e actual. Aceitei com entusiasmo o convite do Presidente António José Correia para colaborar com a Câmara em estudos e pareceres em domínios nos quais ganhei algum conhecimento e experiência.Procurei que a minha intervenção tivesse como objecto a cidade. Evitei pois centrar a análise só nos problemas, ou só nos actores, ou só nos acontecimentos. Propus-me falar de dinâmicas urbanas e convidei o auditório a olhar para a cidade como um ser vivo, com as suas exigências específicas (por outras palavras, com as suas pessoas, as que nela vivem e todas as que dela precisam para viver). |
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Voltar a Belém | 12 de Junho | |
A sensação de voltar a um local onde se trabalhou (10 anos!) agora como "convidado" é de facto curiosa. Abraçamos os funcionários e colegas que dantes cumprimentávamos apressadamente. Surpreendemos alterações subtis na decoração que agora nos parecem grandes mudanças. Recebemos ordens protocolares que dantes dependiam de decisão nossa. Olhamos para as personagens centrais de um ângulo da sala onde nunca estivemos. Pronunciamos nós com emoção a fórmula de compromisso que outrora ouviamos friamente de tantas e tantas bocas. |
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Regionalismo versus nacionalismo | 11 de Junho | |
Horácio Eliseu e António Montês: nasceram com pouco meses de diferença, em meados da década de 1890, o primeiro em Alcobaça e o segundo nas Caldas. Ao longo do primeiro semestre de 1940 protagonizaram um duro combate pela afirmação de interesses regionais que se mostravam incompatíveis. Por momentos, a história destes dois homens voluntariosos e criativos veio ao de cima no belo edifício do Arquivo Distrital de Leiria. Através da varanda, chegavam até nós os ecos dos golos de Portugal aplaudidos nas praças e nas ruas. A nação venceu. |
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Corredor criativo | 9 de Junho |
Correspondendo a pedido do Senhor Deputado municipal, Rui Gomes, que preside à Comissão de Educação e Cultura da Assembleia Municipal, elaborei um documento sintético contendo as linhas gerais de uma proposta de consagração de um corredor criativo nas Caldas da Rainha. A proposta visa articular, sob um dispositivo convergente instituições e empresas, associações e outras entidades interessadas em promover e apoiar a localização de indústrias criativas nas Caldas e em especial nas imediações desse corredor. |
Figueiredo Lopes | 7 de Junho | |
Estive presente num almoço de homenagem ao Professor António José Figueiredo Lopes, promovido pelo blogue dos antigos alunos do Externato Ramalho Ortigão. |
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A selecção nacional | 4 de Junho |
A emoção popular que envolve a equipa portuguesa não é surpreendente, se tivermos em conta o que se passou há quatro anos, mas tem um traço específico que se prende com a emigração. No mundo global, os sentimentos que nos identificam são nacionais. Há um patriotismo expontâneo, agregador mas sem tutela, que irrompe em certos momentos (percebi-o em visitas do Presidente da República a comunidades, por exemplo) e, neste caso, foi detonado na Suiça, onde vivem milhares de portugueses. Não deixa de ser interessante notar que, no presente caso, o movimento de euforia em torno da equipa portuguesa não foi antecipado pelos media, onde reinou até há pouco, prudência ou mesmo desconfiança em relação às hipóteses de uma boa carreira da selecção nacional. |
Ética e política: um debate promovido pelo PS/Caldas | 31 de Maio |
O sistema jurídico evoluiu nos últimos séculos ocupando o espaço das obrigações morais. Os regimes legais, impondo em casos concretos restrições às liberdades, autorizam tudo o que não proibem. É nesse sentido que, por vezes se diz, que em democracia a "ética é a lei". |
A vitória de José Pacheco Pereira | 31 de Maio |
Em certo sentido, a vitória de Manuela Ferreira Leite, é o regresso à política por parte de uma geração que sempre trouxe para o PPD mais do que ele lhe deu. É uma geração que tem hoje entre 60 e 70 anos, na sua maioria quadros com carreiras profissionais prestigiadas. Repercutiu no exercício de cargos a legitimidade obtida na sua vida pública, e não o favor do aparelho partidário. |
Francisco Vicente do Carmo | 29 de Maio | |
Deixou um rasto de fiabilidade e instinto criativo, um composto raro. Gostava da vida e acreditava no progresso, outra particularidade. Um homem sem reserva, um sonhador, com a ingenuidade reflectida dos que acreditam e fazem. Um grande senhor, em suma, e um bom amigo. Justa homenagem neste quarto de século do Cencal. | ![]() |
Desigualdade | 26 de Maio |
Os indicadores sociais colocam-nos mal na tabela da riqueza e no painel da sua distribuição. Se não é a nossa pobreza que está na raíz do fosso entre ricos e pobres então é este que agrava aquela. Mas não é para combater esta fatalidade que são formuladas as políticas públicas, designadamente as de solidariedade? De qualquer forma, más notícias a somar às nuvens densas que se abateram sobre a economia, ou seja a produção e o emprego. |
Arquivo Histórico Distrital | 21 de Maio |
Estive por duas vezes no Arquivo, ouvindo os colegas e amigos Nicolau Borges e Alda Mourão Filipe apresentar documentos que estão à guarda daquela instituição. O ciclo em que intervieram intitula-se "Uma bica no Arquivo Distrital" e é coordenado e animado pelo seu director, Acácio de Sousa. A próxima "bica", a última desta série, cabe-me a mim prepará-la, motivo pelo qual rumei a Leiria nos dias 19 e 21 de Maio. |
Novas entradas | 17 de Maio |
Actualizações nas páginas Inventário e CV | Lusíadas sec. XX |
Comissão República |
Festa da cultura | 15 de Maio | |
Naquela bela varanda daquela nossa janela Nos dias das Festas das Cidade só tive tempo para assistir a algumas actividades e só sinto desejo de falar daquilo de que gostei. |
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Honrar o Presidente | 14 de Maio |
Em Espanha, a investidura dos Presidentes da Câmara é feita através da entrega de uma "vara de mando", representação do poder municipal. Em Portugal, no Antigo Regime, as varas eram insígnias de juizes (varas brancas) e vereadores (varas negras com o brazão municipal), mas o costume perdeu-se. |
Não tenho culpa | 14 de Maio |
Não votei Obama. |
Ferreira da Silva entrevistado por Jorge Silva Melo | 13 de Maio | |
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Material em bruto, entrevista ainda não submetida a montagem. Pode ser vista e ouvida clicando na imagem. |
Os professores e a sala de aula | 12 de Maio | |
Publicou recentemente um artigo no jornal Público onde principiava a sua argumentação fazendo referência a uma afirmação do filósofo José Gil: "porquê tanto ódio, tanto desprezo, tanto ressentimento contra a figura do professor?". Por que razão é o professor apresentado hoje como bode expiatório pelas debilidades da educação portuguesa? |
Extracto de entrevista do Professor José Madureira Pinto a Página da Educação Uma entrevista de alguém que conhece, por experiência e estudo, o sistema escolar português. Uma entrevista de um cientista social da mais elevada craveira e rigor intelectuais. Uma entrevista, finalmente, de alguém que acompanhou com particular atenção a formulação e execução de políticas sociais e educativas dos governos de Portugal entre 1996 e 2006. No blog O Canhoto, Rui Pena Pires, sem discutir uma única das opiniões expressas na entrevista, sugere, com óbvia má fé, que JMP propõe a degradação do Serviço Nacional de Saúde. Se RPP quisesse discutir com seriedade intelectual o tema, deveria perguntar-se se os médicos são os responsáveis pelas insuficiências do SNS e os advogados pelas da Justiça. |
Entrevista José Madureira Pinto |
Página de Educação Abril 2008 | ||
Website Página da Educação | ||
Artigo no jornal Público |
Não tem medida | 12 de Maio | |
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Milton e Chico: o que será? |
Utopia e imitação. Memória do futuro | 11 de Maio |
Professor P.e Manuel Antunes (1918-1985), meu antigo professor de História da Cultura Clássica na Faculdade de Letras de Lisboa (1968/1969): Manuel Antunes, Repensar Portugal. Lisboa, Multinova, 2005. p 33-34 |
Arquivo de José Relvas nos "Estudos sobre o Comunismo" | 10 de Maio |
José Pacheco Pereira publicou nos Estudos sobre o Comunismo 3 documentos inéditos do Arquivo José Relvas (Janeiro e Fevereiro de 1919) | Estudos sobre o Comunismo |
Memórias do José Dias | 10 de Maio | |
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Na segunda-feira em Braga (Livraria Centésima Página), na terça no Porto (FNAC), na quarta em Coimbra (Almedina Estádio) e no dia 19 em Lisboa (FNAC Chiado), será apresentado o livro Memórias do Cidadão José Dias. |
Memórias de José Dias (24 de Janeiro de 2003) | 10 de Maio |
Foi uma convesa extraordinária, praticamente intraduzível. Sem azedume, com uma forte dose, por vezes inesperada, de ironia, José Dias fez um relato da sua vida de militante da democracia desde o final da década de 50 até aos nossos dias. Falou dos amigos, da mulher (Luísa) e da filha (Mariana) do dinheiro (que não tem), do que sabe e do que gosta de fazer, das suas preocupações com a democracia e a política. Insistiu, amiúde, que só se representa a si próprio, e que não pretende "formar um partido", mas sim "um inteiro". |
Luis Nuno Rodrigues | 9 de Maio | |
A Isabel Castanheira prossegue a sua missão de dar a conhecer livros e autores. Desta vez, foi a biografia de Costa Gomes elaborada por Luis Nuno Rodrigues. |
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2 de Maio | ||
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Conheço Zé D'Almeida desde a Gazeta da Semana [1976] , onde fazia cartoonismo. Colaborou no Boletim do Sindicato dos Professores, a convite meu e da Eduarda Dionísio, em 1978/1979. Foi um dos monitores do curso de caricatura em cerâmica realizado no Centro de Formação Profissional para a Indústria Cerâmica em 1988. Em 1989 participámos na organização de uma exposição intitulada "Rafel Bordalo Pinheiro: Humor e Costumes". Há cerca de um ano trouxe ao Museu do Hospital e das Caldas uma magnífica exposição de composições tridimensionais em torno da música e dos seus executantes intitulada "Humor em Sustenido". |
Blogue do Zé D'Almeida |
Na morte de Luiz Pacheco. Recuperação da pergunta com que Pacheco abordava os conhecidos nos anos 60: "Tens aí vintes?"
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Directório de 1909 | 30 de Abril | |
Escreve José Relvas nas suas Memórias (vol. 1, p. 62-63): Ao reunir-se o Congresso Republicano de Setúbal (Abril de 1909), o espírito geral do Partido inclinava-se para a eleição de um Directório com o mandato de preparar a Revolução. Dai resultou a escolha de alguns, entre os novos dirigentes, e avotação da proposta Chagas que implicava a obrigação de nomear comités civis e militares, no número necessário para unificar o movimento revolucionário em todo o país. O Directório ficava composto de nomes que tranquilizavamaparentemente os partidos monárquicos. Sistematicamente tinham sido excluídos Afonso Costa, João Chagas, António José de Almeida e outras personalidades, cuja presença no mais alto corpo dirigente do Partido significaria a declaração de guerra às instituições. Foram eleitos Teófilo Braga, Basílio Teles, José Relvas, Eusébio Leão, Cupertino Ribeiro. Entre os substitutos, que tão grande papel vieram a desempenhar na revolução, estavam Inocêncio Camacho e José Barbosa. O cartaz que se reproduz ao lado representa o Directório republicano eleito em 25 de Abril de 1909 e faz parte do arquivo de José Relvas na Casa dos Patudos, em Alpiarça. É aqui que tenho estado sedeado nos últimos tempos, ultimando a selecção de peças e a elaboração do catálogo de uma exposição sobre as paixões - políticas e artísticas - de José Relvas que a Assembleia da República irá acolher dentro de pouco tempo. Assim se explica esta espécie de ausência do ciberespaço. |
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Unidade oestina | 29 de Abril |
O processo eleitoral em curso no PSD pode originar uma fragmentação do espaço partidário entre 5 candidaturas, mas já teve o mérito de unir no Oeste antigos santanistas a antigos barrosistas, antigos menezistas a antigos mendistas. Uniu o Bombarral, Óbidos e Peniche. Pedro Passos Coelho é aqui o traço de união. |
Imagens comentadas | 27 de Abril | |
Periodicamente, na página da Gazeta das Caldas, publicarei um fotografia com um texto alusivo. A fotografia é escolhida segundo um misto de critérios: significado histórico, nexo afectivo, qualidade do trabalho do fotógrafo. Começo com um comentário a uma fotografia de Joaquim António Silva. O tema é a Lagoa de Óbidos, nos anos 90. |
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Tanto Mar | 25 de Abril | |
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Chico Buarque canta o 25 de Abril |
Aos que tinham 25 anos em 1974 | 25 de Abril | |
Venho lembrar-vos que o 25 de Abril pôs fim a medos. O medo da perseguição e da repressão. O medo da guerra. O medo de ter medo. |
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Manuel Amado , "Quarto com mala". Óleo sobre tela. 1974/1975. ["Este Quarto com Mala é do tempo em que nos tínhamos apeado do "orgulhosamente sós" e tínhamos a mala pronta para seguir viagem"] |
Mercado da Fruta | 18 de Abril | |
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Exposição na Galeria Osiris das peças que estiveram instaladas na Praça no fim de semana de 6. Catálogo com textos e fotos do making off. |
Os Pássaros | 14 de Abril | |||||||||||||||
Aula aberta "Nas asas do desjo e da violação". Análise de extractos do Filme de Hitchcock, Os Pássaros. Filme carregado de violência simbólia, os Pássaros de Hithcock propõe uma leitura particular do mito de “Leda e o Cisne” tratada por toda a pintura ocidental, desde Leonardo Da Vinci a Salvador Dali e Matisse. Se inicialmente os pássaros parecem cortejar Melanie, depressa se tornam ameaças ,ora isoladamente, ora em grupo. Os pássaros exprimem um desejo de posse, de violação, no limite, que não admite negociação nem compromisso. |
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Fotogramas da cena da violação de Melanie no sótão da casa de Mitch |
Artur Maurício | 9 de Abril |
Jurista emérito, antigo Presidente do Tribunal Constitucional, conheci um pouco da pessoa, quando as funções que ambos exercíamos nos proporcionaram conhecimento mútuo e alguma convivência. Vinham então à baila, com frequência, as Caldas, onde visitava regularmente familiares chegados atingidos por uma tragédia pessoal recente. Presto aqui tributo á memória do homem cujas qualidades humanas e intelectuais pude estimar e admirar. |
Praça criativa | 6 de Abril | ||
O velho Rossio das Caldas da Rainha, cujas origens remontam aos finais do século XV, apareceu diferente este fim de semana. Conseguiu surpreender-nos: pela comoção, pela provocação, pela imaginação. |
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Prestam homenagem aos vendedores mais antigos. Com os seus vidrados fortes, empresta colorido ao naipe de cores da praça e reflecte o movimento circundante na manhã ensolarada. |
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Um outro lote remete para o jogo de ilusão, engano e humor que é emblema da produção cerâmica caldense. São instalações localizadas sob os bancos, debaixo dos quais saltam as tenazes de um caranguejo, uma rã "arte nova", lagartos e caracóis, um humanóide com cabeça de coelho, uma cidade inteira com os seus prédios cónicos | ||
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Finalmente, há um belo conjunto de tabuleiros enrugados, vidrados nas cores fortes da cerâmica caldense dos anos 60, susceptíveis de utilização directa para exposição de produtos frescos. |
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Esta "invasão" cerâmica da praça tem uma singular pertinência perante a crise da cerâmica e do mercado tradicional. Retoma o diálogo, segundo padrões exigentes e actuais, com uma das raizes da modernidade cerâmica das Caldas, o naturalismo, o chamado "neo-palissy". E se este movimento se traduziu na adopção de uma tipologia de peças baseadas na ilusão da verdade, na recriação de naturezas mortas em faiança, o que os professores e alunos das Belas Artes pretederam foi sinalizar a geografia da praça com um pequenos monumentos cerâmicos alusivos aos géneros que ali se expõem e vendem todos os dias. Realizando as suas peças em fábricas caldenses, todas elas já com uma história importante no sector, este projecto destaca a relação com o local que revivifica. |
Um texto sobre história e problemas actuais da Praça pode ser lido aqui ao lado em Inventário | ||
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Esta intervenção, apesar de efémera, provinda do domínio das artes e da cultura tem o mérito de nos convoca para o debate e a acção. Decorrendo das perspectivas e metodologias das artes contemporâneas, tem em atenção saberes tecnicos e valores patrimoniais históricos. É uma proposta que se pode ligar com a lógica das cidades criativas. | ![]() |
Celestina | 5 de Abril | |
Escrito em 1904, pouco antes de mudar a residência do Sabugal para as Caldas da Rainha, Joaquim Manuel Correia trabalhou no romance Celestina, que permaneceria inédito até hoje. |
O texto do prefácio pode ser lido aqui | |
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Joaquim Manuel Correia e os Bordalo Pinheiro: encontros e desencontros | 5 de Abril | ||
Da estadia de Joaquim Manuel Correia em Peniche, em 1888/1889, ficou no seu arquivo pessoal um interessante registo: dois desenhos assinados, um deles por Rafael Bordalo Pinheiro, outro por Columbano (Bordalo Pinheiro). Datam ambos de Peniche, 26 de Setembro de 1889. O desenho de Rafael - que tem a curiosa menção manuscrita "Para ser melhorado para o anno" - figura-o de pé, de cartola e casaca, segurando um guarda-chuva debaixo do braço, enquanto toma notas num pequeno caderno. Na exposição do Museu do Sabugal são mostradas a cartola, o chapéu e a casaca com que Rafael o desenhou. Columbano, no seu traço inconfundível, deu ênfase à testa e olhar de sonhador do jovem Joaquim, então com 31 anos, praticamente a mesma idade do pintor. |
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Chapéu de chuva, casaca e cartola. JMC acompanhou à guitarra diversos fadistas de Coimbra, nomeadamente Hilário | |||
Que motivo teria levado os dois irmãos Bordalo a Peniche em Setembro de 1889? Sabemos que a irmã, Maria Augusta dirigia na vila uma Escola Industrial, criada por diploma de 30 de Junho de 1887. A criação da Escola Rainha D. Maria Pia visou principalmente a qualificação das rendas de bilros, de que Peniche era um prestigiado centro, tendo a escola de Maria Augusta sido motivada pelas suas comprovadas habilitações no domínio das artes decorativas. A escola abriu em 26 de Setembro de 1887, pelo que a 26 de Setembro de 1889, celebrar-se-iam dois anos de actividade de Maria Augusta na sua direcção. Sabemos também que o trabalho desta irmã de Rafael e Columbano com as rendilheiras de Peniche foi coroado de êxito, de tal modo que na Exposição Universal de Paris, efectuada nesse mesmo ano de 1889, as rendas por si apresentadas obtiveram uma medalha de ouro. O comissário do pavilhão de Portugal foi precisamente Rafael Bordalo Pinheiro. | |||
A 26 de Setembro a família dos Bordalos deverá pois ter-se reunido em Peniche para festejar os sucessos de Maria Augusta à frente da Escola Maria Pia. Pela indumentária de Joaquim Manuel Correia percebe-se que a festa teve exigências protocolares. |
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Os trabalhos de Joaquim Manuel Correia | 5 de Abril | |
Colóquio no Auditório Municipal do Sabugal sobre Joaquim Manuel Correia e o seu tempo. |
Nascido no concelho do Sabugal, em 1858, Joaquim Manuel Correia, estabeleceu banca de advogado nas Caldas da Rainha em Fevereiro de 1905. As suas simpatias republicanas, j originadas na frequência da Universidade de Coimbra, foram percebidas na vila. Nas eleições municipais de Novembro de 1908, encabeçou a lista concorrente pelo Partido Republicano nas Caldas da Rainha. Presidia à Comissão Municipal Republicana quando se deu o 5 de Outubro de 1910. Consequentemente, foi o primeiro Presidente da Comissão Administrativa da Câmara e Administrador do Concelho das Caldas da Rainha, a seguir à revolução de 1910. Joaquim Manuel Correia é pai e avô de historiadores: Fernando Correia, Natália Correia Guedes. |
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Abril lírico (1871) | 5 de Abril |
António José de Carvalho dedica o seu romance Rosa da Montanha, cuja acção decorre em terras quadrazenhas e da Malcata (Sabugal), a uma Excelentíssima Senhora (aliás, Isabel Augusta Bigotte, com quem casaria mais tarde), datado de Abril de 1871. |
Manhã de Abril | 5 de Abril | |
Atravessei ontem a Cova da Beira, ao fim da tarde, sob o apelo de memórias longínquas. Por aqui iniciei a vida de professor de liceu, em Dezembro de 1970. |
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Honoris Causa | 2 de Abril | |
"É pelos seus actos, mais do que pela sua condição, que um doutor ganha a sua auréola", terá afirmado Henrique de Gand em 1217, disse o Professor Julio Pedrosa, na abertura da sua oração na Universidade de Aveiro na cerimónia de atribuição do Doutoramento Honoris Causa a Jorge Sampaio. |
Doutor no dia da Constituição | |
De facto o homenageado recusou até hoje diversas iniciativas de teor semelhante. Penso que o fez justamente porque surgindo elas no contexto das funções presidenciais que exerceu, sempre restaria a dúvida de saber se a distinção lhe era oferecida em razão dos actos ou da condição. |
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"A educação, a ciência, a inovação, o saber indispensável ao desenvolvimento humano, a sensibilidade, a inteligência, a ética, a civilidade que precisamos de cultivar para sermos pessoas em plenitude, percorrem os textos que o doutor Jorge Sampaio nos legou, testemunho da sua presença na Presidência da República. São tratados de Ciência Política Aplicada, de Filosofia Política e de Educação, inspirados em sabedoria rara, experiência e humanidade, que atestam uma viva inteligência e um exigente esforço de procura. Estão ao dispor dos invstigadores e de outros interessados em Política, em Ciências, em Educação e Cultura; proporcionam saberes preciosos, apresentam resultados de observação, são estudos e reflexões sobre a nossa condição, acerca dos caminhos para desenharmos e termos melhor futuro e com uma grande ambição para Portugal" | |
"A busca, a criação e a partilha do conhecimento exigem uma constante atenção e devoção à defesa de uma ética de responsabilidade, ao valor do esforço e do rigor. A abertura aos outros e à discussão livre de ideias estão presentes numa ideia de Universidade que nos interessa cultivar. A preocupação pelo sentido de responsabilidade, pela prestação de contas, pelo valor da confiança mútua, pelas exigências e os princípios orientadores que alimentam a cidadania activa, são valores da Política, da Ciência e da Educação Superior que Jorge Sampaio defendeu e praticou" (Julio Pedrosa). |
Aparentemente não é connosco | 31 de Março |
Atenção ao texto de Francisco Sarsfield Cabral no Público de hoje. Tripla crise: do dolar, do petróleo, de bens alimentares. Não sabemos a sua exacta extensão e consequentemente não sabemos como lidar com ela. Só sabemos que não a esconjuramos supondo que lhe escapamos. Noutros países, mobilizam-se saberes e políticas para lhe preparar as respostas. | Ninguém sabe |
Democracia e autonomia | 30 de Março |
A democracia tem tido dificuldade em lidar com Alberto João Jardim e compreender a autonomia, cuja discussão, aliás nunca verdadeiramente aprofundou. |
Inquietações pedagógicas | 28 de Março |
A propósito do incidente na escola do Porto, cujas proporções mediáticas são evidentemente potenciadas pela frente política de contestação à actual equipa do Ministério da Educação, ver o que se reflecte no blogue de Ana Maria Bettencourt e Maria Emília Brederode Santos. | Inquietação |
Na morte do Padre António | 23 de Março |
16 horas: cerimónia de exéquias do Padre António Emilio, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, presidida pelo Cardeal Patriarca de Lisboa. Igreja apinhada. |
Nuno Brederode Santos | 23 de Março |
Hoje, na sua coluna semanal do Diário de Notícias: |
Padre António Emílio (1926-2008) | 22 de Março | |
O Padre António Emílio Martins de Figueiredo foi o primeiro director do Externato Ramalho Ortigão, depois que o estabelecimento foi adquirido pelo Patriarcado de Lisboa. Estava-se em 1959 e a Igreja decidira intervir no ensino secundário, numa altura em que a procura deste sector de ensino dava sinais de algum dinamismo. |
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A nomeação para um dos colégios com que a Igreja iniciava esta nova modalidade de intervenção social, deve-a ter recebido com entusiasmo. Além de prova de confiança nas suas capacidades, permitia-lhe reencontrar a cidade onde nascera, onde os seus pais residiam, bem como muitos dos seus amigos. A instituição que lhe foi confiada seria em breve dotada de novas instalações, o que constituiu certamente um aliciante suplementar para as novas funções. |
Jorge Silva Melo entrevista Ferreira da Silva | 21 de Março | ||
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Jorge Silva Melo, grava, no Museu do Bombarral,longa entrevista com Ferreira da Silva. Temas: Jorge de Almeida Monteiro e a "Cerâmica Bombarralense" nos anos 40; Pomar e Alice Jorge; a Secla dos anos 50, o Estúdio; Santiago Areal; O Curral; trabalhos actuais do artista. Um excelente registo que em muito excede o projecto inicial do realizador. | ![]() |
Portugal a preto & branco | 15 de Março | |
O fascínio de António Barreto pela fotografia tem nesta edição uma prova concludente. Por ocasião das filmagens do Retrato Social, o autor registou na sua câmara imagens do Portugal contrastado que estudou e viu. O seu ponto de vista transmite-nos a desolação de um país fragmentado. No preto & branco as manchas de branco são raras e quase todas resultantes de uma iluminação forçada. Um manto cinza enegrecido é afinal o traço de união da insanada dualidade do Portugal moderno e antigo. António Barreto, Ponto de Vista. Portugal, Um Retrato Social. Lisboa, FNAC, 2008. António Barreto, Arredores de Felgueiras |
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Pela política | 12 de Março |
Só hoje li a entrevista que o Presidente da Câmara Municipal das Caldas concedeu ao Jornal de Leiria (6 de Março) publicada num caderno sobre Caldas da Rainha. |
Rogério Ribeiro | 11 de Março |
Faleceu ontem Rogério Ribeiro, professor da Faculdade de Belas Artes de Lisboa e director da Casa da Cerca, em Almada. Nascera em 1930, em Estremoz. Mestre de pintura e desenho, também se dedicou à cerâmica, sobretudo à disciplina da azulejaria. É o autor das decorações ajulezares de estações do metropolitano em Lisboa (Avenida e Anjos- ampliação) e Santiago do Chile (Santa Lucia), bem como da estação ferroviária de Sete Rios e da Casa de Portugal na Cidade Universitária de Paris. |
Jorge Sampaio, 2 anos depois | 9 de Março |
Jorge Sampaio na "Sic Notícias", em entrevista a Raquel Alexandra, passados dois anos sobre o termo dos seus mandatos em Belém. Registo de um Presidente que, cumprida a missão, aceita como natural uma nova página da sua vida. Igualmente intensa, igualmente de serviço público, igualmente entusiasmante. Uma análise serena da vida pública portuguesa: elogio aos resultados obtidos na redução do defice, no combate à evasão fiscal e ao plano de reforma da saúde apresentado por António Correia de Campos. Rarefacção de compreensão e conforto para todos os que têm sentido de forma mais acentuada os efeitos da crise financeira. Destaque para a estabilidade da interpretação dos poderes presidenciais feita pelos presidentes eleitos na vigência da Constituição de 1976 e do entendimento claro que da actuação presidencial têm os portugueses. |
A rua e as mediações políticas | 8 de Março |
José Pacheco Pereira no Público de hoje: |
Luiz Pacheco na Universidade de Coimbra | 8 de Março |
A Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra organizou uma exposição bibliográfica e documental sobre Luiz Pacheco, integrada na Semana Cultural da Universidade. O escritor, o editor, o escriba e a sua circunstância, as atribulações de uma vida de risco perpassam pelas vitrines com cartas, livros anotados, edições, manuscritos, panfletos, os sinais de um percurso fragmentário de um dos grandes prosadores da segunda metade do século XX. O site da Biblioteca Geral passou a dispôr de uma página onde esta documentação está online (ver ao lado) |
Exposição Luiz Pacheco |
Joel Serrão | 7 de Março |
Numa altura em que o ensino universitário da História mal ousava espreitar para cá do Marquês de Pombal, Joel Serrão publicava os seus Temas Oitocentistas (1959) e Temas de Cultura Portuguesa (1960), colectâneas de estudos que desbravaram a história política e das ideias do Liberalismo e da Primeira República. Professor do ensino secundário, metodólogo no Liceu Pedro Nunes onde orientava a profissionalização de professores de Filosofia e de História, o meu primeiro contacto com a sua obra ocorreu através de dois volumes de uma Antologia Filosófica (dedicado um à Psicologia e o outro à Teoria do Conhecimento), que organizou com Jorge Borges de Macedo. Nos anos 60 coordenou, para a Iniciativas Editoriais, dirigida por João Fernandes Fafe, a obra pela qual certamente mais merece ser lembrado, o Dicionário de História de Portugal, incialmente publicado em fascículos. Os 4 volumes finais do Dicionario mobilizaram a melhor historiografia portuguesa da época, num trabalho de síntese profundamente inovador. Algumas das suas entradas marcaram uma viragem na forma de perspectivar problemáticas da história de Portugal. Foi o caso, por exemplo, de ensaios assinados por Vitorino Magalhães Godinho, por Jorge Borges de Macedo, por Orlando Ribeiro e pelo próprio Joel Serrão. |
Bibliografia do Prof. Joel Serrão |
Águas de Março | 7 de Março | |
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Elis Regina |
Revisão do PDM | 6 de Março |
A Câmara Municipal propôs-se realizar uma sessão de apresentação do processo de revisão do Plano Director Municipal e a direcção da Escola Superior de Artes e Design anuiu. Intervenções estimulantes do responsável político e (vereador João Aboim) e de um dos elementos da equipa técnica (Dr. Carlos Gonçalves, geógrafo). |
Caixa de Pandora | 6 de Março |
Alcochete já prometeu um, talvez dois, Hospitais, dois, talvez três, troços de caminhos de ferro. Anuncia-se que também cede um novo traçado de TGV que não "passe por Alcobaça". É o regresso do "velho" Oeste. |
Painel azulejar da EBI Sto Onofre | 5 de Março |
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Autor do painel: Maria da Natividade Mendes (Natas) |
Ver ficha sobre a Ceramarte, fábrica do Bombarral, na página Cerâmica deste site |
Ainda o Hospital Oeste Norte | 3 de Março |
O processo de tomada de decisão sobre o novo hospital apresenta incoerências que comprometem, pelo menos, a sua indispensável clareza. Trata-se de uma decisão que responsabiliza a Administração Central. O Ministério da Saúde encomendou à Escola de Gestão do Porto um estudo sobre dimensionamento hospitalar na Estremadura-Oeste, o qual concluiu pela necessidade de criar dois novos hospitais, um a Norte e outro a Sul, recomendando que aquele ficasse localizado em Alfeizerão e este em Torres Vedras. Mas esse estudo apresentava inúmeras fragilidades, logo apontadas por diversos observadores e até por um deputado da maioria governamental (requerimento de António Galamba). De qualquer modo, um estudo não é uma decisão política, como está abundantemente comprovado, e o Oeste aguardou serenamente pela avaliação e decisão governamental. Tanto quanto se sabe, a hipótese de um novo hospital foi posta, um pouco surpreendentemente, em cima da mesa da primeira reunião entre o Governo e os autarcas do Oeste, imediatamente a seguir à decisão de construir no Campo de Tiro de Alcochete o novo Aeroporto Internacional de Lisboa. O Primeiro Ministro adiantou, por iniciativa sua, essa proposta, no quadro das compensações devidas ao Oeste pelo abandono do projecto de Ota, pedindo aos autarcas que se pusessem de acordo quanto à localização do novo Hospital. |
"A Gravura: esta mútua aprendizagem" | 1 de Março |
É o título do documentário que Jorge Silva Melo (Artistas Unidos) tem em mãos. |
O projecto |
CTT/DECO | 29 de Março |
Incrédulo, vi ontem na Sic Notícias, a forma truculenta e desabrida como um Administrador dos CTT discutia com um cordato representante da DECO. Não quero cair naquele efeito fácil de separar a contenda pelo lado do Estado e do cidadão, num relacionamento marcado pela arrogância e o autoritarismo do primeiro relativamente ao segundo. Mas que o modelo de resposta adoptado pela pessoa que o Governo nomeou para os CTT vem reforçar uma cultura de empresa e uma imagem exterior de um serviço público que recusa as observações críticas e as propostas de melhoria dos procedimentos, lá isso vem. |
O carteiro de Pablo Neruda | 28 de Fevereiro |
Embora o embate entre a Ministra e os Sindicatos me pareça muitas vezes mais uma uma questão agravada por uma quezília, não deixo de experimentar alguma emoção ao ver na liça tanta gente da minha idade que fez das escolas a sua vida. Olhando para trás, se há traço de união numa vida tão fragmentária como a minha, esse traço é talvez a docência. Não me lembro de um único ano em que não trabalhado com alunos, desde que comecei a dar "explicações" de História e Latim com 17 anos. Assaltou-me em seguida, uma evocação de George Steiner, que demorei a encontrar. Aqui está, numa passagem de entrevista publicada em Junho de 2006 por Le Magazine Littéraire: |
A fronda dos professores | 27 de Fevereiro |
Manuel Carvalho em editorial do Público aponta o concurso para professores titulares como estando na origem da convulsão actual das escolas. Na Quadratura do Círculo, Pacheco Pereira aponta na mesma direcção. Amigos meus, professores, mostraram-me com exemplos ineludíveis as injustiças e distorsões que tais concursos introduziram no corpo docente das escolas, pelo facto, que também me pareceu absurdo, da desvalorização dos curricula pessoais anteriores aos últimos 7 anos. Corrigir esse erro de base é absolutamente crucial. | Editorial |
"Olá a todos, deixem-se estar aí" | 25 de Fevereiro |
"As cartas por responder acumulam-se na mesinha. Caixotes de livros. Sorrisos de pessoas de quem gostei e a morte levou. Levou, mas continuam comigo, tão presentes. Respiram. De algumas oiço-lhes a voz. Olá a todos, deixem-se estar aí. Embora finja que não, necessito tanto de companhia. Um estar aí que já é muito". António Lobo Antunes, crónica "Agora que já pouco te falta", Visão, 21 de Fevereiro de 2008 |
Crónica |
Casinos: alteração legislativa de 1995 | 25 de Fevereiro |
O Decreto-lei nº 10/1995 de 19 de Janeiro estabelecia no seu artigo 27º, nº 3, que o decreto regulamentar que abra o concurso de exploração de jogos de fortuna ou azar "poderá determinar que os casinos que não sejam do domínio privado do Estado não venham a reverter para este no termo da concessão". |
O "distrito" | 24 de Fevereiro |
A realidade vai-se encarregando de, lentamente embora, desfazer os mitos criados e mantidos pela política e o seu específico modo de voluntarismo. Caso exemplar, num e noutro sentido, é o do distrito de Leiria. |
"Regeneração" | 22 de Fevereiro |
Mais uma apelo à regeneração do país centrado na reforma do Estado e da política e na autonomia da "sociedade civil". Li o relatório da Sedes à procura de uma ideia nova, de uma proposta generosa, de um elan aglutinador. Debalde. É mais do mesmo: banalidades, lugares comuns. Espuma dos dias, em suma. |
"Sob influência" | 22 de Fevereiro |
Versac, bloguista (blogador?) influente de Paris, com 5 anos de presença na blogosfera (http://www.versac.net) escreve: |
Desindustrialização em França | 22 de Fevereiro |
Disse o economista Elie Cohen, investigador no CNRS, em encontro promovido pelo Le Monde: |
8 de Março em Coimbra, Colóquio sobre Luiz Pacheco | 21 de Fevereiro |
Segundo a Lusa, Luiz Pacheco vai ser lembrado na sua semana cultural da Universidade de Coimbra, que decorre de 1 a 8 de Março. De uma exposição bibliográfica sobre o "escritor maldito e libertino" Luiz Pacheco, que a Biblioteca Geral da Universidade tinha previsto como participação neste evento, passou-se para um modelo mais abrangente após a morte do escritor. Alguns textos de Luiz Pacheco vão ser encenados e recriados em vários espaços da universidade e na rua, e haverá um colóquio com estudiosos da sua obra, entre os quais Alberto Pimenta, Francisco Pinto do Amaral, o seu editor da & etc, Victor Silva Tavares, e o seu filho Paulo Pacheco. A exposição bibliográfica reunirá alguns textos originais de Luiz Pacheco, e ainda a sua obra "O Libertino Passeia por Braga, a Idólatra, o Seu Esplendor", escrito em 1961, e que se insere na corrente que o próprio designou por "neo-abjeccionista". O colóquio, previsto para 8 de Março na Biblioteca Geral da Universidade, compreenderá um longo intervalo para assistir a um espectáculo de teatro e dança, "Lembranças", concebido a partir de excertos de textos de Luiz Pacheco. Haverá também a recriação dessas prosas de Pacheco em espaços públicos e em salas da Faculdade de Letras. |
Tempo real | 20 de Fevereiro |
Atenção, de novo, para Rui Correia e uma excelente equipa de professores e alunos da Escola Básica de Santo Onofre, que ao longo de um ano projectaram e desenvolveram um trabalho crítico e criativo em torno de notícias de crimes na imprensa portuguesa. |
Tempo real |
Restauros | 19 de Fevereiro | ||
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Guiado pelo olhar experiente e entusiástico de Arlinda Rosendo, visita à Charola do Convento de Cristo de Tomar, alvo de uma campanha de restauro. Uma equipa de dezena e meia de especialistas revela, desvela, repõe, consolida uma história de sucessivas intervenções num dos mais significativos patrimónios edificados do País. |
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Alice Jorge | 18 de Fevereiro |
Passou, com Julio Pomar (seu marido na altura), pelo estúdio da Secla nos anos 50. Trabalhos seus desse tempo estiveram presentes na Exposição que o Museu Nacional do Azulejo dedicou aos artistas fundadores da Secla. Também frequentou o círculo de amigos do bombarralense Jorge de Almeida Monteiro, ainda nos anos 40. | Morreu Alice Jorge |
Velásquez | 17 de Fevereiro |
Vencidas com denodo as grossas filas para aceder ao Museo del Prado, mergulha-se no fascinante mundo da pintura de Velásquez. O pintor subverte a relação entre mitologia e vida quotidiana, entre sagrado e profano, entre mundo ideal e mundo real. A exposição mobiliza também obras de grandes mestres de pintura e escultura coetâneas, propiciando o confronto de modelos e soluções formais. Um imenso banho de criatividade. |
Fábulas de Velásquez |
A Democracia perante a República | 16 de Fevereiro | |
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Resumo |
Participação no seminário organizado no Centro de Estudios Politicos y Constitucionales, em Madrid, intitulado "Elecciones, Diputados y Actividad Parlamentaria en España (1875-1923) e Portugal (1878-1926). Presentes pela parte portuguesa Pedro Tavares de Almeida, Fernando Catroga, Manuela Tavares, Paulo Fernandes, Paulo Ferreira e Sousa, Marta Santos e João B. Serra. O resumo da minha comunicação está disponível aqui ao lado. |
Viajar na Ibéria | 14 de Fevereiro |
A Ibéria permite o "overbooking". Cheguei ao balcão da Ibéria no aeroporto de Lisboa às 15,30 para fazer o "check-in" de um voo para Madrid que partia às 16,50. Fui informado que estava em lista de espera. De nada me valeu argumentar que tinha comprado e pago o bilhete a 11 de Janeiro. Só parti às 20, 30. Conselho de gato escaldado: não voe na Ibéria, a não ser que possa fazer o "check-in" pela internet. Segunda nota: durante o voo, a Ibéria nem um copo de água fornece aos seus passageiros. Qualquer consumo é pago. Outro conselho: não voe na Ibéria, a menos que prefira pagar mais 40 euros do que num voo "low cost" onde também qualquer consumo é pago. |
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Os custos locais e regionais de um solução não caldense para o Hospital Oeste-Norte | 12 de Fevereiro |
Uma boa parte das decisões que afectam os factores competitivos das cidades são tomadas pelo poder central (aí residindo, aliás, a raíz da contra-defesa da descentralização e da regionalização). O traçado de uma via, a localização de um grande equipamento, a implantação de uma estrutura logística afecta o destino das cidades, abruptamente, sem que o respectvo impacte tenha sido negociado com a inteligência do território, ou seja absorvido e integrado na lógica de desenvolvimento endógeno. |
Cerâmica do Bombarral | 11 de Fevereiro | |
A história da cerâmica tem no Bombarral duas páginas importantes: a Cerâmica Bombarralense (1944-1954) e a Ceramarte (1969-1991). À primeira está ligado o nome de Jorge de Almeida Monteiro, ao segundo o de Virgílio Correia e sua mulher, Maria da Natividade Mendes (Natas). Na página "Cerâmica" deste site pode ler uma nota biográfica sobre Jorge de Almeida Monteiro. |
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Hernâni Lopes e Jorge de Almeida Monteiro |
O Hospital Oeste Norte ou o Hospital das Caldas | 10 de Fevereiro |
A discussão política sobre a estratégia de saúde regional não pode fazer-se nos limites dos partidos. Há argumentos a favor de cada uma das soluções advogados por simpatizantes de todos os partidos. A opção pelo novo hospital e a opção pela ampliação do Hospital das Caldas têm defensores distribuídos por todos os quadrantes políticos. |
Cultura e regeneração urbana | 9 de Fevereiro | |
Entre 2004 e 2006, a Agencia de Desenvolvimento e Urbanismo de Lille Metropole coordenou uma rede 16 cidades europeias integradas no programa URBACT num projecto intitulado "Actividades culturais e industrias criativas motores da renovação urbana". |
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Conclusions et Recomendations |
Indignação ou resignação? | 8 de Fevereiro |
Um texto notável de Elísio Estanque publicado há cerca de um ano no Jornal de Coimbra intitulado "Governança e Democracia na Cidade" (que pode ser consultado aqui). Breve excerto: |
Conclusões a pedido | 7 de Fevereiro |
Absolutamente demolidora a análise do parecer do LNEC feita esta noite por João Cravinho na Sic Notícias. Um dos critérios apresentados como definitivamente favorável a Alcochete, o dos custos, é afinal definitivamente favorável a Ota. Conclusão clara: o LNEC manipulou as conclusões. |
Precipitação | 6 de Fevereiro |
Que quis exactamente dizer Alípio Ribeiro quando admitiu precipitação na constituição como arguidos dos pais de Maddie? Precipitação de quem? Da polícia, do Ministério Público, do Juiz? Os jornalistas "esqueceram-se" de fazer as perguntas pertinentes... |
Comemorações e História (3) | 2 de Fevereiro |
Como aqui referi, em tempo, um princípio de precaução deve rodear as comemorações históricas, o que significa atribuir-lhes como primeira prioridade aprofundar o conhecimento histórico, com base na investigação e na revisão crítica da historiografia anterior. Se assim não for, as comemorações não passarão, na melhor das hipóteses, de mero pretexto para efectivar um programa de animação cultural ou, na pior, de uma ocasião para ajustes de contas com o passado. |
Confraternização | 30 de Janeiro | |
Este é talvez o termo que melhor define o sentido do almoço que ontem nos reuniu, em torno da memória do Luiz Pacheco. Éramos 9: Ferreira da Silva, Vitor Fernandes e António Barros, dois membros do PCP caldense, Carlos Cipriano, da "Gazeta", Valdemar Santos, funcionário do PCP em Setúbal, Betia Monteiro, Zeferino Ribeiro e Pedro Soares, amigos de Pacheco e camaradas de partido em Setúbal. Na origem mais imediata deste encontro está a tentativa de localização de um retrato de Pacheco efectuado por Ferreira da Sllva em 1966. Ferreira estava convencido que Pacheco o oferecera ao Partido. Cipriano enviou fax à sede nacional pedindo confirmação. Na Basílica da Estrela, no velório do Pai, coloquei a questão a Paulo Pacheco que, ignorando a existência do retrato, me apresentou Valdemar Santos. Este prometeu procurar. E passados poucos dias ali estava a resposta: o desenho existia sim, encontrava-se exactamente na sede do PCP em Setúbal. Com uma proposta anexa: almoçarmos em data próxima, nas Caldas, onde Valdemar se deslocaria com um grupo de amigos de Pacheco. Concordamos no dia 30. |
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Ferreira da Silva, Luiz Pacheco no Bombarral, 1966 | Ferreira da Silva, Luiz Pacheco no Bombarral, 1966 | |
Cada um contou a sua história: Betia era uma menina quando os pais alugaram parte da casa, em Setúbal, a Pacheco e Irene. Trazia uma fotografia de Irene, jovem e bonita, com um filho ao colo e outras crianças junto de si. Zeferino queria sobretudo reconhecer em Ferreira da Silva a imagem que lhe fora transmitida por Pacheco. E Ferreira falou do "mano", mas como é reservado quanto a pessoas, e tem pudor de revelar o íntimo, evocou com emoção a criatividade e a espontaneidade que os juntou. Valdemar ironizou com a adesão de um homem imprevisível a uma organização disciplinada e coesa como o Partido Comunista. Pedro Soares narrou a primeira visão que tivera do Pacheco, numa discussão em que um homem magro com uma calças de Vasco Santana apertadas à cintura com uma corda fazia calar o todo poderoso director de "O Setubalense". A conversa continuou a fluir enquanto deambulávamos por entre o trabalho que Ferreira da Silva tenta concluir junto ao edifício Berquó, agora para as hipóteses de ajuste colaborações, entre Caldas e Setúbal, no video, no teatro, na edição, na cerâmica. Pacheco está vivo, entre nós, disse alguém na tarde fria. |
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Valdemar Santos, Zeferino Ribeiro, Pedro Soares, Vitor Fernandes e Ferreira da Silva, em visita à instalação que este último está a construir entre o edifício administrativo do Centro Hospitalar e o Hospital Distrital. |
Luiz Pacheco no PCP | 30 de Janeiro |
Entrevista de Carlos Quevedo/Rui Zink, na revista Kapa, Julho de 1992: "K: O facto de ter sido simpatizante do PC nunca lhe facilitou... |
O afastamento do Ministro | 30 de Janeiro |
Vital Moreira no Causa Nossa José Pacheco Pereira, no Abruto |
Causa Nossa |
Abrupto | |
Marinho de Pinto | 29 de Janeiro |
O Bastonário da Ordem dos Advogados disse ontem: "Existe na sociedade portuguesa um sentimento generalizado de que a corrupção e o tráfico de influências - dois dos delitos que mais ferem o Estado de Direito – se entranharam nas estruturas do Estado. Não há uma obra pública, seja qual for o seu valor, que seja paga, afinal, pelo preço por que foi adjudicada. É sempre superior. As contrapartidas por vultuosas aquisições de bens e equipamentos por parte do Estado, não são cumpridas ou são-no apenas em ínfimas parcelas. E o financiamento dos partidos políticos continua sem dar sinais de transparência democrática." |
Discurso Abertura Ano Judicial |
António Correia de Campos | 29 de Janeiro |
A substituição do Ministro da Saúde não constituiu surpresa, mas não era inevitável. António Correia de Campos conhecia como ninguém o sistema nacional de saúde e tinha uma larguíssima experiência internacional de perito na áreas das políticas de saude e de segurança social. Se alguém no Partido Socialista tinha uma ideia de reforma integrada do sector era ele. Estudou-a, como ninguém, preparou-a longamente, com trabalho e saber crítico acumulado. Foi Ministro no último Governo de Guterres, enfrentando com coragem politica a necessidade de inverter a ineficiência do sistema de saúde. Regressou com Sócrates para realizar, com um horizonte de legislatura, a reforma então esboçada. Em pouco mais de dois anos, os resultados da sua identificação clara das prioridades e do seu ânimo generoso aí estão: ganhos no acesso, ganhos na qualidade da prestação de cuidados, eficiência na gestão. A sua saída, quando o cabo da reforma estava a ser dobrado, penaliza politicamente o Governo. Em primeiro lugar, porque perde o político mais bem preparado para exercer a função de Ministro da Saúde e, dado o tempo e a forma da exoneração, perde a possibilidade de contar com a sua experiência noutra pasta. Em segundo lugar, porque permite que se instale e generalize a dúvida sobre o futuro da reforma, ou pelo menos, do futuro da reforma integrada da saúde. Em terceiro lugar, porque autoriza a interpretação de que o Presidente da República exerce um "droit de regard" sobre as actuações dos ministros para lá das áreas tradicionais da defesa, segurança e assuntos externos. |
Coro de Belém | 28 de Janeiro |
Depois do Presidente (mensagem de fim de ano), são os eternos candidatos à Presidência que pedem a cabeça de António Correia de Campos: Marcelo ontem, Vitorino hoje. |
História do Ensino Secundário Liceal (1926-1945) | 27 de Janeiro |
Efectuei uma primeira pesquisa sobre o ensino secundário particular nas Caldas da Rainha em 1986, no âmbito de um estudo então iniciado sobre a formação das elites urbanas entre 1887 e 1941. Realizei na altura entrevistas aprofundadas com diversos actores qualificados, como o tenente-coronel Justino Moreira, o Professor José Lalanda Ribeiro, o Dr. José Venâncio Paulo Rodrigues e o Dr. Aníbal Correia, e consultei a imprensa local. A investigação foi no entanto interrompida e só muito recentemente retomada, no quadro da realização de provas académicas. |
História do Parlamentarismo | 23 de Janeiro |
Reunião na ESAD do grupo de trabalho português da História do Parlamentarismo em Portugal e Espanha, "Das Urnas ao Hemiciclo", sob a coordenação do Prof. Pedro Tavares de Almeida. A prosopografia relativa aos deputados e a estatísticas das eleições e da vida parlamentar mostra como é desproporcionada, enganadora e injusta a imagem do parlamentarismo: absentismo, fraca produtividade, impreparação técnica. O desprezo com que os intelectuais da geração de 70 trataram o parlamento está na origem dessa imagem que resistiu mais de um século. |
O Aeroporto de Lisboa e o Oeste (4) | 21 de Janeiro |
Os partidários da solução Alcochete para o novo aeroporto de Lisboa, entre os quais agora se inclui o recém-convertido Mário Lino, procuraram apresentar a sua vitória como o resultado normal de um parecer técnico independente. No programa televisivo Prós e Contras do dia 14, coube a Henrique Neto, José Reis e Fernando Costa desmontar essa gigantesca mistificação. |
Ota: a melhor solução nacional |
Exactidão | 17 de Janeiro |
"Por que razão sinto eu a necessidade de defender valores [exactidão que significa rigor da definição do projecto, nitidez da evocação das imagens e precisão do uso da linguagem] que a muita gente poderão parecer óbvios? Creio que o meu primeiro impulso provém de uma hipersensibilidade ou de uma alergia: parece-me que a linguagem se usa sempre de maneira aproximativa, casual, descuidada, e isso provoca-me um aborrecimento intolerável. Não pensem que esta minha reacção corresponde a uma intolerância para com o próximo: o aborrecimento pior sinto-o ao ouvir-me falar eu próprio. Por isso tento falar o menos possível, e se prefiro escrever é porque ao escrever posso corrogir as frases quantas vezes forem necessárias para chegar, não digo a ficar satisfeito com as minhas palavras, mas pelo menos a eliminar as razões da insatisfação de que me consigo aperceber." Italo Calvino, Seis Propopstas para o próximo milénio. 3ª ed. Lisboa, Teorema, 1998, p. 73-74. |
O Aeroporto de Lisboa e o Oeste (3) | 15 de Janeiro |
A decisão aí está, numa reviravolta que em Maio ninguém ousaria prever, e forçoso é, depois de por diversas vezes aqui ter abordado o tema do novo aeroporto de Lisboa, sobre ela alinhar duas ou três notas. Post Scriptum |
O Aeroporto de Lisboa e o Oeste (2) | 14 de Janeiro |
Vital Moreira (no blog Causa Nossa - http://causa-nossa.blogspot.com - 11 de Janeiro): |
O Aeroporto de Lisboa e o Oeste (1) | 13 de Janeiro |
Hábil a forma como Marcelo Rebelo de Sousa evitou hoje reconhecer o erro do seu juizo de intenção de há 6 meses. De facto, Marcelo encarou o recurso ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil como um mero expediente para aliviar a pressão política anti-Ota, e nem por um momento lhe ocorreu a hipótese inversa. Exactamente a que aqui foi sustentada: a interrupção tão abrupta do processo de decisão pró-Ota, após a iniciativa da Confederação da Indústria Portuguesa, só teria sentido se se destinasse a ganhar tempo para "engordurar" a decisão alternativa, pro-Alcochete. |
Luiz Pacheco nas Caldas | 11 de Janeiro |
É possível seguir o rasto de Pacheco nas Caldas através da correspondência e outros textos, na sua maioria publicados. Fiz essa investigação em 1998 e 1999, preparando a edição de "O libertino passeia nas Caldas" que inclui em Continuação, livro publicado em 2000. Recuperei agora esse trabalho. Um versão resumida foi publicada hoje na Gazeta das Caldas, num suplemento de evocação de LP. Em breve, a versão mais desenvolvida ficará disponível neste site, na página "Inventário" | Suplemento Luiz Pacheco (G.C.) |
Ironias do destino | 8 de Janeiro | |
8 de Janeiro de 2007. Velório de Luiz Pacheco. Amigos das mais variadas gerações, grupos de pertença, companheirismos, vagabundagens, perdições e reconhecimentos. Uma bandeira do PCP cobre o corpo de Pacheco. Um padre católico oficia a despedida. Na Basílica da Estrela. José Casanova, membro do Comité Central do Partido Comunista, falou no cemitério, antes da cremação. Fora ele quem assinara a ficha de inscrição do Pacheco. Que então lhe colocara duas condições. «Quando eu morrer, quero ter um funeral como o do Ary: com a bandeira do Partido e com discurso». |
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Avante, 10 de Janeiro |
Roteiro Caldense de Luiz Pacheco | 7 de Janeiro | |
Locais da cidade das Caldas da Rainha da segunda metade da década de 60 referenciados na obra fragmentária de Luiz Pacheco. | ||
Bairro das Morenas | Gosto muito de Caldas da Rainha, É uma terra, etc. Tem um bairro de lata, as Morenas (como todas as cidades que se prezam). | |
Cadeia das Caldas |
Estou com Tedral (remédio contra a asma e fortíssimo, perigoso para o coração como a breca). Mas principalmente à noite, isto é irrespirável. Meu rico ar da Rochida em que não tive asma quase um ano a fio, nem no Inverno! | |
Café Central |
Entrevista imaginária com o cangalheiro que "fomos encontrar em pacata vilegiatura nas Caldas da Rainha, sentado no Café Central remexendo a bica em rápidas rotações de colherada, muito incomodado e muito enjoado por uma data de quadros (referência a exposição de Figueiredo Sobral) que se viam penduricados nas paredes. Copla: "Na paz do Café Central /Onde os democratas piam/ Há agora um festival/ De pinturas que arrepiam" |
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Café Central |
...estava (eu) pacatamente entristecido envilecido no Café Central de Caldas da Rainha, naquela paz de café de Província onde democratas piam (à falta de militância decidida) ... |
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Casa do pão de ló | Logo a seguir apareceram 2 Manas (bonitas a valer) e fomos a Alfeizerão. Brancos e pão-de-ló. Música de máquina automática e bidu-bidu . Eis o quadro. | |
Ferro Velho | Imaginária passagem de ano no Ferro Velho, uma ceia com cabrito assado e muito regada , depois da qual Virgílio Ferreira surge dançando o ié-ié, cantando baladas coimbrãs, tocando violão, incendiando a mesa com anedotas picantes, saltando para um banco ao dar a meia noite | |
Frami |
Vou ver se entro hoje para a fábrica dos bolos. - Açúcar é caloria! |
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Garagem dos Capristanos | Lembras-te daquele caso [uma aventura sexual] aqui nas Caldas, na garagem dos Capristanos? | |
Hotel Lisbonense |
Pode ficar no Hotel do Paulino ou não (depois de me ter posto a mim na rua, não se atreverá a repetir a gracinha contigo, espero). |
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Hotel Rosa | Ele (o escritor Santos Fernando) trazia-me frequentemente de manhã fruta excelente de que se privava ao pequeno almoço no Hotel Rosa. | |
Inferno d'Azena e Ferro Velho | Aquele painel da Tertúlia, o belo mural em casa do Vitor Sebastião, o Ferro-Velho do Vasco Luís (autêntico Museu Ferreira da Silva), as esculturas e decorações do Inferno d'Azenha. | |
Lagoa de Óbidos | Quando os cisnes sobem a terra, muitas muitas criancinhas descem ao fundo, vão parar à Lagoa de Óbidos pelos esgotos da cidade e dali ao vasto mar. | |
Manas, Cova da Onça | Luiz Pacheco é sócio honorário da Sociedade de Geografia da Cova da Onça, vulgo as Manas, nas Caldas da Rainha. | |
Montepio |
Lá em baixo (na casa da cidade) havia a sopa a dois passos, o banco do Montepio para os tremeliques meus, farmácia, os fiados de dois anos de estadia, o café que fia a bica, o bagaço. Aqui, ir buscar a sopa é uma aventura: vai ela? |
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Parque | A passear no Parque, em conversa monologal com os cisnes do lago, e leio, com espanto! ..., com um frisson inesperado, uma crítica saída no Diário de Lisboa de 5ª feira passada, do Eduardo Prado Coelho. | |
Parque |
Gosto muito de Caldas da Rainha. É uma terra muito bonita que tem um Parque muito catita. Ah, também tem uma mata muito bonita com plátanos, mas fica mais acima. Tem uma igreja muito velha. Tem gente muito velha como todas as cidades de Província e gente que parece gente. Gosto muito de passear no parque das Caldas. Tem árvores flores um cinema muito velho um museu quase novo. |
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Pavilhões do Parque |
Não diz muito mais nem melhor, um guia turístico que reza assim: Caldas da Rainha (com o espantalho monstruoso dos pavilhões do Parque a ilustrar) |
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Pensão Estremadura |
E aqui estou na minha "cela" de vinte ou mais quartos, pensão fantasma, onde falo sozinho e com o retrato da Irene - que é, em retrato, emoldurada, muito mais tratável do que antes". |
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Praça | Estou a ver que tenho de desistir destes trabalhos literários e ir vender couves para a Praça das Caldas ... | |
Praça | É vê-lo [Ferreira da Silva] cá fora na Praça, e isso Caldas inteira reparou já; é ouvi-lo como ataca, irado, as vaidadezinhas dos amadores, só simpáticos na sua pertinácia e, vá lá, úteis como público mais esclarecido num meio restrito como é o caldense. | |
Secla |
Os que são de Arte inlustrados/ Preferem uma outra tecla:/ Compram os barros assados/ Na padaria da Secla. |
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Secla e cemitério | Nesse dia tinha eu ido à Secla (já te falo nesta) pedir algum dinheiro para as papas. Mas estava tão desanimado ou abatido, que passei uma hora ou mais a uns metros da porta da fábrica, e mais pertinho da porta do cemitério que é ali mesmo defronte, e nem coragem tive de pedir a massa | |
Secla e Praça | À humildade do artesão - Ferreira da Silva (é vê-lo na sua oficina da Secla, como reparei e sublinhei numa entrevista publicada no Jornal de Letras e Artes ) - alia-se o orgulho, a imponente, espectacular arrogância do Artista (é vê-lo cá fora na Praça, e isso Caldas inteira reparou já; é ouvi-lo como ataca, irado, as vaidadezinhas dos amadores, só simpáticos na sua pertinácia e, vá lá, úteis como público mais esclarecido num meio restrito como é o caldense). | |
Tertúlia | Vi o recente fracasso dum rapaz daqui, e não dos piores, que expôs uma série de quadros numa galeria, a Tertúlia, que tu já conheces. |
Memórias de Luiz Pacheco (1965/66) | 7 de Janeiro |
Nas Caldas de meados da década de 60, a sua presença era tão ostensivamente chocante que não podíamos deixar de nos beliscarmos, como nos romances, para nos certificarmos de que não sonhávamos, interrogando-nos como seria possível subsistir uma contradição tão viva com a ordem local estabelecida. |
Luiz Pacheco (1925-2008) | 6 de Janeiro |
Calou-se A voz, ora grave ora jocosa, de um exilado do interior, um quase expulso da Cidade, um contemplativo da infância (que é a suprema liberdade e inocência) com os olhos postos no futuro (que é para todos a Caveira). Decerto um burguês. Talvez um inconformista. Talvez, ainda, um jogador, um patriota. Quem sabe se um palhaço? Mas sempre um espectador atento e apaixonado do seu tempo e da sua própria personagem. |
Filipe Duarte Santos | 6 de Janeiro | |
Arquitectura e Vida (nº 88, Dezembro de 2007) entrevista Filipe Duarte Santos, professor catedrático da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, investigador em Ciências Ambientais e do Espaço e especialista internacional em alterações climáticas (e também pintor, aliás com fortes ligações às Caldas da Rainha, filho do escultor António Duarte). |
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Continuidades | 6 de Janeiro |
A Bial fez um acordo para a comercialização de um medicamento baseado numa molécula sintetizada nos seus laboratórios. A inovação tem, neste caso, um particular significado. É, antes do mais, o primeiro medicamento desenvolvido por uma empresa portuguesa. Em segundo lugar, ocorre num quadro de perda de posição das empresas europeias para os Estados Unidos e o Japão da posição liderante que outrora tinham exercido neste sector. |
Os livros do Pai Natal (2º saco) | 5 de Janeiro | ||
O 2º saco inclui o resultado das negociações: livros que o Pai Natal me autorizou a trocar, livros que o Pai Natal recolheu de uma lista de sugestões que lhe fiz chegar e livros que o Pai Natal me destinou noutras árvores. |
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Almada no Zip-Zip (1969) | |||
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Modigliani, Picasso e André Salmon em Paris em 1916 | |||
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Vista do Centro Pompidou | |||
Picasso, O Artista e o seu Modelo, 1933 Picasso, A Tentação de Santo António, 1967 |
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Alcobaça Revisitada | 4 de Janeiro | |
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Jorge Pereira de Sampaio organizou uma recolha e apresentação de fotografias sobre o concelho de Alcobaça. O trabalho resultou de uma encomenda do Mosteiro e teve o apoio empenhado da Câmara Municipal. Instituições e particulares cederam os seus albuns para a mostra, que atingiu um total de 1600 fotografias. Acontecimentos, pessoas, paisagens rurais e urbanas do século XX ficaram registadas nesta gigantesca colecção. Não é ainda claro o destino deste conjunto de imagens. Com a exposição - de legibilidade diminuida pela profusão de imagens - foi editado um catálogo. Alcobaça passou assim a dispor de um instrumento primeiro e essencial para a constituição de um arquivo municipal de fotografia. Esperemos que dê esse passo. |
Um blog entre historias | 3 de Janeiro |
A exclusiva instalação de liceus em capitais de distrito constituiu, até à década de 70 do século passado, um obstáculo ao acesso das restantes localidades ao ensino superior. A via do ensino técnico, sobre a qual não impendia aquela restrição, não facultava entrada directa na Universidade. Restava por isso o recurso ao ensino secundário liceal particular. Os colégios surgiram, depois da Segunda Guerra, como forma de tornear essa dificuldade, oferecendo preparação para exame nos Liceus às famílias que pretendiam (e para tal tinham posses) que os seus filhos fizessem percursos universitários. |
Antigos alunos ERO |
Seduções | 2 de Janeiro |
Com o "Nespresso" a Nestlé introduziu no mercado um novo conceito de consumo: a máquina é que induz o produto. Anteriormente, todas as máquinas eram universais: produziam a bebida com café moido de quaquer fornecedor. Os actuais aparelhos, sejam eles Miele, Krups ou Ziemans, só trabalham com cápsulas de café fornecidas pela Nestlé. É como se uma marca de frigoríficos só estivesse preparada para receber manteiga, yougurtes e leite Mimosa, ou uma máquina de lavar roupa para receber meias CD e uma máquina de lavar louça pratos da Vista Alegre. Trata-se de facto de uma revolução no mundo dos bens de consumo duradouros. Representa uma captura do consumidor por uma multinacional. Uma tenatativa mais de esmagar as pequenas produções como as da Nicola ou da Delta. Como sempre a classe média portuguesa deixou-se seduzir pela tecnologia e iludir pelo "encanto" de George Clooney. |
Desistência | 31 de Dezembro |
Declarações do vereador Tinta Ferreira à edição de "Tabu" (Sol, 29 de Dezembro) sobre o mercado da Praça da República: "Mais é difícil. Imagine esta praça cheia de bancadas de alumínio, com toldos de lona todos iguais. Muita gente deixava pura e simplesmente de vir fazer compras e grande parte dos vendedores desistia". |
Os livros do Pai Natal (1º saco) | 28 de Dezembro |
Desde a infancia que este sonho me perseguia: em vez de camisolas, camisas, peúgas e cachecóis, receber do pai Natal um saco de livros. Este ano, enfim, fui ouvido, lá no local onde esta matéria é deliberada. E o trenó que pousou na minha varanda era portador de uma sábia mensagem: "deixa os trapos para a época de saldos (que agora principia na última semana do ano) e aprecia estes livros". Abri o pacote, com sofreguidão. O volume era sólido, variado, interessante. Vejamos: |
Um ano depois | 26 de Dezembro |
Faz um ano que inesperadamente Rafael Salinas Calado nos deixou. Perda pesada, para a família, para os amigos, para a cultura, para o espaço público. No meu caso, enquanto caldense e estudioso da cerâmica, bem senti a sua falta neste ano de 2007. Senti também que poderíamos ter ido mais longe na homenagem pública de que é merecedor. Caldas e Torres Vedras têm acrescidas responsabilidades face à memória de Rafael Calado. |
Comemorações e História (2) | 24 de Dezembro |
Em 2010 completar-se-á um século sobre a implantação da República em Portugal. O Governo anunciou a intenção de adoptar um programa comemorativo e formou uma Comissão de Projectos que sujeitou à discussão pública o seu relatório. Aguarda-se que daí resultem iniciativas a desenvolver ao longo de 2008, 2009, 2010 e 2011. |
Natal | 20 de Dezembro |
Tenho observado com atenção a zona central da cidade, agora em busca de uma nova vocação. Apesar de alguma euforia da quadra natalícia, não vejo sinais de mudança consistentes. Falta, julgo, um projecto integrado que faça acreditar os investidores e puxe pela conservação dos imóveis e pela modernização dos negócios. |
Comemorações e História (1) | 15 de Dezembro |
Exibe ainda o ex-libris da "Tertúlia Artes e Letras" a edição que possuo do ensaio do Professor Vitorino Magalhães Godinho intitulado Comemorações e História (A Descoberta da Guiné) . Editado em 1947, pela "Seara Nova", devo pois tê-lo adquirido em meados da década de 1960. |
Irene Pimentel | 14 de Dezembro |
O prémio de Irene Pimentel reconhece a qualidade e o rigor do trabalho desta historiadora e põe em destaque que essas qualidades não são incompatíveis com o empenho cívico e a identificação com causas como a da liberdade e igualdade. Para quem teve o privilégio de a ter como aluna, sendo praticamente da mesma idade, este acto também sublinha que o esforço e dedicação intelectuais não são exclusivos de uma geração. |
Uma bica no Arquivo Distrital | 12 de Dezembro | |
Uma Bula de 1496 Leiria, sessão do programa "Uma Bica no Arquivo Distrital", dedicada à Bula dada pelo Papa Alexandre VI em 3 de Setembro de 1496. |
Transcrição parcial, em ortografia actual: "Como pois nos fosse dito a nossa muito amada, em Cristo filha, Leonor Rainha Ilustre, mulher que foi de El Rei D. João de Portugal. Considerando que em o termo da vila de Óbidos do arcebispado de Lisboa, em o lugar chamado das Caldas, eram certos banhos destruídos e quase de todo para cair, os quais por desfalecimento de casas de que o dito lugar era minguado não eram por os homens usadas, nem a eles iam as pessoas para cobrar saúde. E por tal que as ditas pessoas aos ditos banhos fosse para cobrar saúde. Ela, movida por piedosa devoçao, reparara os ditos banhos às suas próoprias despesas e fizera em eles câmaras e casas para as pessoas enfermas que eles fossem, e uma Capela em honra , sob a invocação da muito gloriosa Virgem Maria do populo, em a qual missas e ofícios divinos se celebrassem". |
Arquivo Distrital |
Programa 2007/08 |
Leiria: arquitectura e urbanismo | 7 de Dezembro |
Jantar promovido pela ADLEI. Registe-se o motivo: homenagear João Belo Rodeia, novo bastonário da Ordem dos Arquitectos. João Rodeia ofereceu uma palestra ao auditório. Escolheu o tema da desregulação do território. Apesar da selecção das palavras e da perspectiva histórica, o tema era crucial. Em Portugal, o fim do mundo rural ocorreu num tempo muito curto e as cidades absorveram mal as mudanças impostas do exterior. Ocuparam o território agrícola em seu redor, sem plano e sem cuidar do controlo do mercado imobiliário. As cidades urbanizaram-se loteamento a loteamento, em geral desarticulados entre si. O Estado autorizou o crescimento brutal de uma estreita faixa litoral que vai de Setúbal a Viana e conformou-se-se com a desertificação do restante. Os Planos Directores Municipais continuaram o problema, em vez de serem parte da solução (se todos os licenciamentos previstos em PDM fossem efectivados, o parque habitacional cresceria 4 vezes). Que fazer? Como lidar com esta situação? O conferencista falava em Leiria (um caso exemplar de desregulação), para uma plateia maioritariamente composta por habitantes de Leiria. Confesso que as respostas que ensaiou me pareceram tímidas e o debate que se seguiu foi complacente e exibicionista. Mas a pergunta é pertinente e o Bastonário dos Arquitectos vai agora conviver com ela todos os dias. |
Mário Cesariny - A um rato morto encontrado num parque (o poema que está na origem de Belarmino) | 6 de Dezembro |
Este findou aqui sua vasta carreira |
Belarmino | 6 de Dezembro |
Sessão muito especial a de segunda-feira do ciclo “cinema e debate” que decorre na ESAD, dedicada a “Belarmino”, com a presença do autor, Fernando Lopes. Este filme-documentário (de 1964) integra o lote das obras fundadoras do Cinema Novo português (com “Verdes Anos” de Paulo Rocha (1963) e “Domingo à tarde” de António Macedo (1965). Quarenta e três anos volvidos, Belarmino exibe não apenas os traços das rupturas e inovações que o singularizaram, como as qualidades que fazem dele hoje um clássico do cinema documental. Madalena Gonçalves, num excelente texto de apresentação do realizador e do filme, aponta-o como um “estudo magistral sobre coreografia dos gestos – quer humanos, quer físicos – estes visíveis nos ângulos da câmara que acompanha, com extremo rigor, o traçado da cidade, a arquitectura das fachadas, as ruas, as praças, os recantos, os cafés”. Neste sentido, de facto, Belarmino, sobre ser um retrato de um personagem – um antigo campeão em declínio –, é um retrato de uma cidade, Lisboa. Uma Lisboa dos anos 50/60, uma “Lisboa vadia”, na expressão do próprio Fernando Lopes, uma Lisboa hoje praticamente desaparecida. Um retrato também do país, do país cinzento como referiu Madalena Gonçalves, do “país de sufoco”, nas palavras de Fernando Lopes. Com o auxílio (por vezes emocionado) do realizador, esta sessão permitiu registar decisivos aspectos instrumentais deste documentário, como a fotografia (de Augusto Cabrita), a música (de Manuel Jorge Veloso), ou a montagem (de Manuel Ruas), e, sobretudo, descobrir nos olhos de Belarmino, que a câmara não larga, os olhos de um autor que ama, grita, se enternece, solidariza e recusa. “Vou fazer campeões”, promete Belarmino na entrevista que Baptista-Bastos conduz como se um combate de boxe se tratasse. |
A música | 4 de Dezembro | ||
A minha incapacidade de cantar ou tocar um instrumento é humilhante. Mas é frequente a música pôr-me "fora de mim", ou, mais exactamente, numa companhia muito melhor do que a minha. Materializa o oximoro do amor, essa fusão de dois indivíduos na unicidade, sendo que cada um deles, mesmo no momento do uníssono espiritual e sexual, conserva e enriquece a sua identidade. Ouvir música com o ser amado é estar numa condição simultaneamente privada, quase autista, e todavia estranhamente envolvida com o outro (a leitura a dois em voz alta não atinge o mesmo grau de fusão). Daí que a colaboração interactiva, como sucede entre a voz e o piano num "Lied" ou a execução de um quarteto de cordas, seja talvez o fenómeno mais intrincado de todo o Planeta, absolutamente arisco a qualquer análise. Aliás, uma vez que cada incidência deste fenómeno é irrepetível, é bem possível que seja mais complexo do que a dança das galáxias. Uma caixa de música envernizada, uma tripa de gato ou um arame, um martelo com ponta de feltro, a inflexão do pulso do intérprete, a vibração das cordas vocais geram ondas cujas curvas e função algébrica podemos, efectivamente traçar, mas cujos "significantes", cujo poder de transformar os estados físicos e psíquicos, não podemos explicar. Pelo que suponho serem forças fundamentalmente "des"-humanas. George Steiner, Errata. Revisões de uma Vida. Lisboa, Relógio D'Agua, 2001, p. 96-97 |
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